O Twitter anunciou que vai adiar por alguns dias o lançamento da nova versão paga da sua API. A informação disponibilizada pela rede social, não aponta uma nova data para a entrada em vigor das novas regras de acesso à API. Explica-se apenas que o lançamento será adiado “por alguns dias” e que mais informação sobre o assunto surgirá em breve.

A mudança abrupta de regras no acesso à API do Twitter, que permite a terceiros integrar e desenvolver ferramentas tirando partido da informação da rede social, tem sido amplamente criticada. A API é usada por investigadores que analisam tendências ou estudam o fenómeno das fake news, por exemplo, e por programadores e, indiretamente, beneficia milhões de utilizadores. Sejam aquelas que tiram partido das ferramentas que permitem a partilha automática de conteúdos publicados num site, no respetivo perfil do Twitter, ou de outras ferramentas criadas por terceiros, para agilizar e simplificar a utilização de recursos do próprio Twitter.

Um dos usos importantes da ferramenta nos últimos dias tem sido também o apoio às operações de busca e salvamento das vítimas do terramoto na Turquia e na Síria. Como explica um artigo da Fortune, milhares de programadores de software voluntários têm estado a utilizar a API para, através de programas automáticos (bots), procurarem pedidos de ajuda deixados por utilizadores na plataforma e direcioná-los para equipas de salvamento.

"Isto não é útil apenas para os esforços de resgate que infelizmente estão quase terminados, mas também para o planeamento logístico, à medida que as pessoas vão ao Twitter para transmitir as suas necessidades", explicou Sedat Kapanoglu. O responsável é fundador de um site de linguística popular na Turquia (Eksi Sozluk), que tem estado a colaborar com os voluntários para orientar esforços de ação no terreno, com base nas informações que vão sendo partilhadas online pelas vítimas do sismo.

"Para os programadores turcos que trabalham com a API do Twitter para fins de monitorização de desastres, isto é particularmente preocupante - e imagino que seja igualmente preocupante para outras pessoas em todo o mundo, que estão a utilizar dados do Twitter para monitorizar emergências e eventos politicamente contestados", referiu também à Fortune Akin Unver, professor de relações internacionais na Universidade de Ozyegin em Istambul.

Para já, o Twitter não explica a que se deve o adiamento, justifica-o apenas com a necessidade de “criar uma experiência ótima para a comunidade de programadores”, o que parece estar longe de atender à principal reivindicação que esta comunidade tem vindo a fazer, desde que se soube que a versão gratuita da API vai continuar a existir, com menos recursos, e a versão paga vai custar, pelo menos, 99 dólares por mês. Dada a quantidade de projetos sem fins comerciais que assentam nos dados da app para recolher e trabalhar informação relevante para muitos fins, pedem-se mais exceções às novas regras.

Tornar o acesso à API paga é mais uma medida na estratégia de Elon Musk para tornar o Twitter rentável, a que se juntam outras, como a onda de despedimentos que marcou o início da gestão do novo dono do Twitter ou o relançamento da versão paga do serviço.