O Nokia 808 PureView foi o último smartphone com Symbian OS produzido pela Nokia. Para sempre. A empresa finlandesa deu a entender na comunicação dos resultados fiscais de 2012 que vai abandonar a produção de dispositivos com Symbian por causa do processo de transição que está a ser feito com o Windows Phone da Microsoft.
"Na nossa transição para o Windows Phone durante 2012, continuamos a expedir dispositivos baseados em Symbian. O Nokia 808 PureView, um dispositivo que demonstra as nossas capacidades de imagem e que chegou ao mercado em meados de 2012, foi o último dispositivo Symbian da Nokia", pode ler-se no comunicado.
O TeK já confirmou junto da Nokia que o 808 PureView foi de facto o último smartphone produzido com Symbian. Mas também o analista principal da Informa Telecoms & Media, David McQueen, fez a mesma interpretação numa nota de imprensa enviada à redação: "contudo, o Symbian está nada mais do que morto com a empresa a anunciar que o modelo 808 vai ser o último com o sistema operativo".
No último trimestre fiscal de 2012 a Nokia ainda vendeu 2,2 milhões de smartphones com Symbian, mas o número foi inferior ao registado pela gama Lumia, com 4,4 milhões de unidades vendidas, e pela linha Asha, que vendeu 9,3 milhões de telemóveis. Durante o relatório é referido várias vezes o fraco desempenho que os dispositivos equipados com Symbian tiveram durante 2012.
Para 2013 a Nokia prevê que estes telemóveis continuem a ter quebras na procura e nas vendas, o que em parte ajuda a contextualizar ainda mais o anúncio pouco expressivo do fim da produção de telemóveis com este sistema operativo. A fabricante nórdica afirma mesmo que a plataforma Symbian é pouco viável em termos de negócio. Entre 2011 e 2012 as vendas dos telemóveis com este sistema operativo caíram mais de 400%.
Uma despedida há muito anunciada mas sempre adiada
Em abril de 2011 a Nokia anunciou uma parceria com a Accenture que passava à consultora, em regime de outsourcing, o desenvolvimento e o suporte do Symbian OS. Na altura a vice-presidente executiva para a área de Dispositivos Inteligentes da Nokia, Jo Harlow, dizia que a colaboração entre as duas empresas demonstrava o compromisso que existia em melhorar a oferta Symbian - menos de dois anos depois o compromisso parece ter sido quebrado.
Em maio de 2011 foi Stephen Elop que garantiu o suporte e a continuidade de investimento no Symbian OS até 2016, e que de três em três meses novos equipamentos seriam lançados no mercado. Em junho de 2011 chegaram mais dez modelos, mas a primeira premunição de morte chegaria em agosto do mesmo ano com a Nokia a revelar intenções de acabar com a comercialização dos Symbian nos EUA.
Um ano e meio depois destes anúncios, e meio ano depois da chegada do PureView ao mercado, parece que a Nokia desistiu mesmo do seu antigo sistema operativo.
Ainda não é certo em que estado vão ficar as parcerias que a Nokia estabeleceu com fabricantes e com a Accenture por causa da continuidade do Symbian.
Nota de redação: foram feitas duas correções no artigo
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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