Longe vão os tempos em que o telemóvel era colocado à carga durante a noite, demorando horas até o indicador do estado da bateria marcar os 100%. E muitos mitos foram criados em torno da manutenção das baterias, desde apenas colocar telemóvel à carga quando a autonomia está perto do zero ou evitar ligar à corrente quando ainda tem energia suficiente para não “viciar”.
Apesar de muitas vezes olharmos para a capacidade das câmaras fotográficas, a potência do seu processador e a qualidade de imagem do ecrã quando decidimos comprar um smartphone, é igualmente importante perceber a sua capacidade para se manter em funcionamento, até precisar de ser alimentado. Se antes se olhava para a capacidade da bateria, de forma a ter mais autonomia para, pelo menos o dia todo em funcionamento, agora o mais importante é perceber quanto tempo demora o smartphone a carregar.
Os hábitos de consumo estão alterados. E isso tem em conta as aplicações cada vez mais potentes que usamos nos smartphones. Há muito que usamos estes verdadeiros computadores de bolso, não apenas para fazer chamadas, mas para jogar, ver filmes e séries, como leitor de música e podcasts e claro, navegar pela internet e conviver nas redes sociais. É um esforço enorme manter estas operações a correr, mantendo o ecrã ligado por muito tempo, com cada vez mais intensidade de brilho.
Isso significa que, apesar das baterias terem mais capacidade agora que há alguns anos, também é verdade que os smartphones são sujeitos a maior esforço de utilização. Isto quer dizer que é possível que um smartphone com uma bateria de 5.000 mAh não dure uma manhã durante um passeio em que sejam captadas dezenas de fotos, registados vídeos e ainda se partilhe nas redes sociais e outras utilizações.
A grande diferença está na forma como agora lidamos com a alimentação do smartphone. Antes da invenção dos carregamentos rápidos, os utilizadores sofriam da chamada “ansiedade da bateria”, de ver a percentagem a diminuir, projetando o tempo que necessitavam para chegar a casa ou a um local onde se planeasse passar algum tempo para carregar o equipamento. Em alternativa, era preciso andar carregado com power banks, que garantissem mais duas ou três cargas adicionais.
Carregadores rápidos, menos dores de cabeça
É neste sentido que os sistemas de carregamento rápido vieram dar maior tranquilidade aos utilizadores, mesmo que isso signifique andar com os pequenos tijolos na mala e mochila. Inicialmente os carregamentos rápidos diminuíam o tempo de várias horas para apenas uma, e nos últimos anos tem havido uma grande competição entre as marcas, reduzindo para minutos a carga total.
Isto quer dizer que deixamos de nos preocupar tanto com a carga. Qualquer lugar público, emprego ou casa permite rapidamente carregar o smartphone. E mais importante, mesmo que não se consiga a totalidade da carga, um pequeno “encosto” pode aumentar a percentagem da autonomia para mais algumas horas. Tomar o pequeno-almoço ou mesmo beber um café é o tempo que necessita para colocar carga num smartphone moderno e seguir com as tarefas que tem para fazer.
Obviamente que é preciso manter algumas boas práticas, para tirar melhor partido da autonomia do smartphone e aumentar o tempo de vida útil da bateria. Anteriormente, o SAPO TEK preparou um explicador para este tema, que deve consultar, onde se distingue os tipos de baterias e as melhores práticas de preservação. Além das formas como as fabricantes de smartphones estão a utilizar ferramentas de software para ajudar o utilizador na manutenção saudável dos equipamentos.
O que é considerado um carregamento rápido?
Os carregadores normais têm uma saída de 5V/1A, o que é equivalente a 5 W de energia. Tudo o que seja mais rápido que esse valor é considerado carregamento rápido. Ou seja, 5V/2A entrega 10 W de energia, e assim adiante. Mas estes são os valores “pré-históricos” daquilo que é considerado o carregamento rápido. Um carregador de 10 W demora em média de 1h50 minutos a carregar um smartphone com uma bateria de 5.000 mAh. De “rápido” apenas tem a denominação.
O que são Watts (W), Voltagem (V) e Amperes (A)?
O Watt (W) é a unidade de medição de energia, utilizada para medir a velocidade que esta é transmitida. Quando se diz “quantos Watts para carregar o smartphone”, significa exatamente a que velocidade pode ser carregado. Por isso, quantos mais Watts tiver o carregador, mais energia este consegue entregar ao equipamento por unidade de tempo. A energia (Watts) é calculada ao multiplicar a Voltagem (Volts) pela Corrente (Amperes), como explica a especialista em soluções de carregamento Anker.
Nesse sentido, carregamentos entre 5-10 W são considerados de baixa capacidade e são aqueles que antigamente acompanhavam os smartphones para um uso básico, quando se colocava à carga durante a noite. A sua vantagem é não sobreaquecerem o sistema, sem colocar a bateria em risco. Entre os 10-18 W são considerados os valores standard, como referido podem demorar entre uma e duas horas para carregar o equipamento, dependendo do modelo e capacidade da bateria. São considerados rápidos para o uso de dia e suportados pela maioria dos smartphones.
Os carregamentos rápidos considerados normais da atualidade estão entre os 18-65 W, conseguindo-se pelo menos entre 50-60% de uma carga em apenas 30 minutos. Obviamente que a tecnologia de carregamento tem vindo a evoluir muito rapidamente e as fabricantes usam tecnologias avançadas para aumentar essa velocidade, normalmente nos seus equipamentos topo de gama. A Xiaomi, por exemplo, já utiliza carregadores de 120 W na sua série de smartphones de média gama Redmi desde 2022 para as versões mais apetrechadas, repetindo agora em 2024.
Além da Xiaomi, fabricantes como a Oppo/OnePlus e a Vivo têm apostado na investigação de carregamento rápido. Tem sido uma corrida para acelerar cada vez mais os carregamentos dos smartphones. Mas os desenvolvimentos neste campo são muito rápidos e atualmente até é bastante difícil de perceber qual a marca ou smartphone mais rápido de carregar.
Em março de 2023, houve o registo que a velocidade de carregamento das baterias tinha duplicado em relação aos últimos seis meses anteriores. De um recorde de 120 W, capaz de carregar 100% uma bateria de 4.000 mAh em 18 minutos no Vivo iQOO 7, a ser ultrapassado dois meses depois pelo Realme GT Neo5 com capacidade de 240 W, capaz de carregar em 10 minutos uma bateria de 4.600 mAh. Ainda em testes de laboratório, a Xiaomi já testa há um ano velocidades de 300 W.
Quase um ano depois, quais são as marcas de velocidade? O Realme GT 3 parece ser então o mais rápido, com uma capacidade de 240 W de carregamento, conseguindo encher uma bateria com capacidade de 4.600 mAh em 9 minutos e 30 segundos, usando a tecnologia SuperVOOC da Oppo. Também o Redmi Note 12 Explorer tinha um carregador de 210 W.
Com a adoção do sistema de carregador único universal na União Europeia tanto para smartphones como outros equipamentos eletrónicos como tablets e portáteis, deixando de ser obrigatório a inclusão do pequeno tijolo caixa para se aproveitar o anterior que tenha em casa, as fabricantes possam continuar a inovar. E neste caso, os carregadores podem ser vendidos à parte, como forma de upgrade à velocidade de carregamento do smartphone. O certo é que é cada vez mais rápido carregar o equipamento, sem stress e complicação.
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