Depois de uma história de sucesso que se construiu pela singularidade da proposta, a BlackBerry travou uma longa luta contra os argumentos que convenciam a grande maioria dos utilizadores de smartphones em todo o mundo a valorizar mais outras combinações de fatores, que as propostas pela marca canadiana.

Mas a marca não se rendeu sem lutar até à última e quando já muitos apostavam que não regressaria aos smartphones, voltou à carga com um BlackBerry Priv, que se converteu ao Android, mas que rapidamente se percebeu que, mesmo assim, não tinha tudo o que era preciso para voltar a virar atenções para a marca. O preço elevado foi um dos aspetos que não ajudou. O que também não ajudou tanto como se esperava foi a recuperação do teclado físico. No passado tinha sido uma das imagens de marca da empresa e nesse regresso foi uma das apostas fortes, mas não chegou. 

Rendida ao desenvolvimento de software e à plataforma de serviços que a tornou conhecida em todo o mundo, a BlackBerry assumiu a derrota, mas a marca afinal volta a dar nome a um smartphone e a proposta foi apresentada este fim-de-semana no Mobile World Congress.

A fabricante canadiana está envolvida no processo, mas desta vez só licencia a marca. Quem fabrica o KeyOne é a TLC, a mesma empresa chinesa que ajudou a Alcatel a renascer das cinzas neste domínio dos telemóveis. Para criar uma proposta juntou alguns aspetos óbvios quando se pensa na marca BlackBerry – um smartphone com algumas caraterísticas premium – e outras menos óbvias, não pensando na marca mas nos tempos que correm.

O novo modelo recupera o famoso teclado Qwerty dos BlackBerry mais populares, numa altura em que as teclas deixaram de ter protagonismo nos smartphones. É caso para dizer que a história da BlackBerry nos smartphones não se faz mesmo sem teclados físicos à mistura, independentemente do que parecem ditar as tendências e até os estudos, em relação às preferências dos utilizadores. Vai ser preciso esperar para ver os resultados da aposta. As expectativas são moderadas, mas as funcionalidades extra do teclado e a combinação com o touch podem dar uma ajuda e voltar a "dar sorte" à BlackBerry, mesmo tendo em conta que estamos em 2017. E porque não? O Nokia 3310 acaba de regressar.

O KeyOne vai custar 599€, um preço de partida mais baixo que o do antecessor Priv e (relativamente) competitivo face a outros equipamentos da mesma gama. Integra um ecrã Corning Glass 4 de 4,5 polegadas com 1620x1080 pixeis, uma câmara traseira de 12 megapixeis (fabricada pela Sony) e uma frontal de 8 megapixeis. O processador é um Snapdragon 625 da Qualcomm, tem 3GB de RAM e sistema operativo Android (7.1).

O lançamento está previsto para abril, primeiro num modelo de distribuição direto e mais tarde através de operadores. Mas o que vale mesmo a pena ver é o design, que combina teclas físicas com um ecrã tátil. As teclas reservam algumas funções adicionais: podem funcionar como touchpad e uma delas (a de espaço) tem um leitor de impressões digitais.  

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