Este ano Martin Cooper foi homenageado no Mobile World Congress 23, em Barcelona, assinalando os 50 anos dos telefones móveis. Na verdade é hoje que se cumpre a data da primeira chamada oficial, a 3 de abril de 1972, quando o engenheiro da Motorola ligou para o seu concorrente Joel Engel, da Bell System, a partir da 6ª avenida em Nova Iorque.

A corrida para conseguir transformar as comunicações fixas em sistemas móveis estava no início, assim como os próprios telefones. Para a primeira chamada telefónica através da rede celular foi usado um DynaTAC 8000X que pesava mais de um quilo e que tinha uma bateria que não permitia mais de 25 minutos de utilização. Era ainda um protótipo e os primeiros modelos comerciais só chegaram ao mercado 10 anos depois.

No início as comunicações estavam limitadas à voz e só mais tarde foram introduzidas as mensagens. As câmaras fotográficas e o acesso à internet só chegariam anos depois aos equipamentos que foram ganhando importância na nossa vida e que pelo caminho substituiram muitos outros dispositivos, como as máquinas fotográficas de bolso, calculadoras, despertadores ou agendas.

Hoje os smartphones são companheiros inseparáveis de milhares de milhões de utilizadores em todo o mundo que confiam nos dispositivos para as suas comunicações de voz, para se manterem atualizados com informação noticiosa e redes sociais, para pagamentos e alertas importantes. A GSMA estima que existem 8,4 mil milhões de ligações móveis, com as máquinas a ajudarem a ultrapassar o número de mais de 8 mil milhões de pessoas no planeta.

Martin Cooper, reconhecido como pai do telemóvel, admite o potencial da invenção que ajudou a fazer nascer mas também alerta para os riscos de uma utilização obcessiva. Apesar de ser um utilizador de smartphone, não tem Tiktok e aos 94 anos ainda se mostra preocupado com as questões de privacidade.

Do modelo "tijolo" ao dobrável e enrolável

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Os primeiros modelos de telemóveis eram grandes e pesados, com pouca bateria e caros, podendo custar 4 mil dólares, o que hoje seria equivalente a 10 mil dólares. A evolução para equipamentos mais leves e pequenos, e também mais baratos, acelerou com o lançamento das redes móveis digitais e a massificação dos terminais.

Nos primeiros anos a imaginação era o limite para os formatos dos novos telefones e a Nokia tinha algumas das propostas mais arrojadas, com ou sem teclado. O Nokia 3310 ou o 7110 ficaram para sempre na nossa memória.

Veja as imagens dos modelos mais arrojados da Nokia

A entrada da Apple no mercado móvel em 2007 veio mudar o cenário e o iPhone estabeleceu uma fasquia que as outras fabricantes continuam a tentar atingir em termos de funcionalidade e integração do ecossistema, mas também de simplicidade de utilização. Já na versão 14, o iPhone continua a figurar entre os telefones mais vendidos em todo o mundo. O ano de 2022 não foi exceção.

Veja as imagens da evolução do iPhone

Com a evolução da tecnologia dos ecrãs, o modelo "sabonete", ou "retângulo", dominado pel ecrã tátil, está a evoluir para os equipamentos dobráveis. Os primeiros modelos tiveram alguns problemas e são ainda um mercado de nicho, representando menos de 5% das vendas na Europa, mas fazem parte das tendências de futuro, dobrando e abrindo o ecrã quando é necessário ver vídeos ou escrever textos, ou fazendo deslizar o display, como acontece no novo Motorola que o SAPO TEK experimentou em Barcelona, no MWC.

Veja as imagens dos novos Motorola

Este é um dos conceitos em que a Motorola está a trabalhar e hoje a empresa que há 50 anos esteve na base da primeira chamada em redes móveis partilhou a sua visão para o futuro próximo, com um design e funcionalidades mais úteis e menos intrusivo.

Os ecrãs dobráveis, enroláveis e deslizantes estiveram em destaque no Mobile World Congress deste ano, mais uma vez, mas há ainda alguns desafios a ultrapassar até conseguir que os equipamentos massifiquem. Não só técnicos mas também de preço.

Mas na verdade o futuro do telemóvel pode nem estar associado a um equipamento físico, tornando a comunicação com a rede celular totalmente dependente da voz e disponível em todo o lado, algo que as assistentes digitais já fazem, e com a possibilidade de mostrar os conteúdos no ecrã que estiver mais próximo.