Uma câmara de 340 megapixéis e uma lente de 3,6 metros instalada no Telescópio Legacy Survey Canadá-França-Havai, no Havai, serviram para criar o maior mapa de matéria escura (ou matéria negra) do Universo alguma vez construído.

A novidade foi apresentada esta semana, no 219º encontro da Sociedade Americana de Astronomia, em Austin, nos Estados Unidos, e resulta de registos fotográficos de 10 milhões de galáxias, de quatro regiões do céu, captados ao longo de cinco anos, explicam os responsáveis num comunicado de imprensa.

O mapa agora apresentado pelos cientistas Catherine Heymans da Universidade de Edimburgo, na Escócia, e Ludovic Van Waerbeke da Universidade da Colômbia Britânica, em Vancouver (Canadá), é 100 vezes maior do que o antes disponível e capta a luz destes 10 milhões de galáxias a atravessar acumulações de matéria escura.

[caption]créditos da imagem: CFHTLens[/caption]

As imagens permitem ver a matéria escura distribuída em pedaços que rodeiam aglomerados de galáxias, e que estão ligados entre si por filamentos mais finos. No meio, há espaços enormes e vazios, onde não existe matéria.

[caption]créditos da imagem: CFHTLens[/caption]

[caption]créditos da imagem: CFHTLens[/caption]

As galáxias incluídas no estudo estão a seis mil milhões de anos luz. A luz captada nas imagens usadas no estudo foi, por isso, emitida quando o universo tinha seis mil milhões de anos - o que corresponde a cerca de metade da idade que tem atualmente, detalham os especialistas.

[caption]créditos da imagem: CFHTLens[/caption]
foto de matéria escura na primavera

[caption]créditos da imagem: CFHTLens[/caption]
foto de matéria escura no verão

[caption]créditos da imagem: CFHTLens[/caption]
foto de matéria escura no outono

[caption]créditos da imagem: CFHTLens[/caption]
matéria escura no inverno

O estudo permitiu chegar a algumas conclusões de que já suspeitavam há muito tempo, mas que se baseavam em simulações conseguidas através de computadores, mas difíceis de verificar devido à natureza invisível da matéria escura, pelo que este mapa representa o primeiro "olhar direto" à matéria escura em larga escala, revelando a rede por esta composta em todas as suas direções.

Os cientistas acreditam que a matéria que conhecemos bem, como os protões, neutrões, eletrões e outras partículas, representa apenas 4% do Universo. O resto é matéria escura e energia escura.

A matéria escura será responsável por 23% do Universo, sendo a existência desta que explica como as galáxias estão presas umas às outras. Os restantes 73% do Universo serão compostos por energia escura, que funcionará como uma força repulsiva que provoca a constante expansão do Universo.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Joana M. Fernandes