De acordo com os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2017 foram registados 219 milhões de casos de malária em 87 países, 92% deles em África. Apesar dos avanços tecnológicos a verdade é que o número de casos entre 2016 e 2017 aumentou e a taxa de mortalidade manteve-se semelhante, depois de vários anos de redução. Mas agora há uma proposta que quer mudar essa realidade: o Anti-Malaria Drones.

Tal como a OMS garantiu no último relatório sobre a prevalência da malária, publicado em novembro de 2018 e com dados de 2017, ainda há muito a fazer no combate à doença provocada por um parasita, transmitido através da picada do mosquito fêmea. Uma vez no organismo, os parasitas multiplicam-se no fígado, infetando os glóbulos vermelhos do sangue e, se não for prontamente tratada, a malária afeta a irrigação de órgãos vitais e pode ser fatal.

A pensar nesta realidade, vários parceiros juntaram-se e criaram o projeto Anti-Malaria Drones, a empresa conhecida pela aposta nos drones, DJI, a Aquatain, com soluções baseadas no controlo dos mosquitos e a Dutch Malaria Foundation. Para além disso, o projeto conta também com a ajuda da Tanzania Flying Labs, especializada em programas de cursos de robótica e inteligência artificial, como é o caso dos drones, e com a Zanzibar Malaria Elimination Program, responsável pelo desenvolvimento, implementação e monitorização de intervenções de controlo da malária.

No âmbito desta iniciativa, os parceiros realizaram em outubro um projeto piloto no arquipélago de Zanzibar na Tanzania, costa leste africana, em que os "grandes protagonistas" foram os drones. Os equipamentos pulverizaram inseticidas biológicos nos campos de arroz, com o objetivo de demonstrar que a população emergente de mosquitos pode ser significativamente reduzida através desta técnica, sem prejudicar o terreno.

Para determinar o possível impacto desta abordagem, os especialistas retiraram uma amostra das larvas e dos mosquitos antes, durante e após a pulverização e em breve vão publicar os resultados. "Se as conclusões do teste forem tão boas quanto o esperado, isso poderia dar um tremendo impulso para vencer a luta contra a malária”, disse o professor Wolfgang Richard Mukabana, da Universidade de Nairobi.

Em 2017 93% das mortes provocadas pela malária aconteceram na África subsariana, sendo as mais vulneráveis as crianças com cinco anos. Apesar de os números ainda serem elevados, no último relatório a OMS reforçou a esperança na possibilidade de erradicação da doença, através de um compromisso de todos os países. Agora resta aguardar pela publicação dos dados do projeto-piloto para compreendermos se poderá, de facto, ajudar nessa missão.