Há muito que os astrónomos se interrogam sobre como o vento solar (geralmente, fluxos de partículas carregadas) aquece e acelera a velocidades superiores a 500 quilómetros por segundo, muito depois de sair do Sol. Era uma questão sem resposta desde a década de 1960. Agora, um feliz alinhamento de duas naves espaciais da NASA e da ESA que estudam o astro-rei revelou que o vento solar recebe um impulso magnético. A resposta é uma peça crucial para ajudar os cientistas a melhorarem as previsões da atividade solar entre o astro-rei e a Terra.
Recentemente, a revista Science publicou um artigo que revela provas de que os ventos solares mais rápidos são alimentados por “switchbacks” magnéticos, ou grandes "ziguezagues" no campo magnético, perto do Sol.
“O nosso estudo aborda uma enorme questão em aberto sobre como o vento solar é energizado e ajuda-nos a compreender como o Sol afeta o seu ambiente e, em última análise, a Terra”, disse Yeimy Rivera, colíder do estudo e pós-doutorado no Observatório Astrofísico Smithsonian. “Se este processo acontece na nossa estrela local, é muito provável que este processo dê energia aos ventos de outras estrelas da Via Láctea e mais além e pode ter implicações na habitabilidade dos exoplanetas”.
A sonda solar Parker da NASA já tinha anteriormente descoberto que estes ’switchbacks’ eram comuns em todo o vento solar. A Parker Solar Probe foi a primeira nave a entrar na atmosfera magnética do Sol, em 2021, o que permitiu aos cientistas determinar que as contracurvas se tornam mais distintas e mais poderosas perto do Sol.
No entanto, faltavam ainda as provas experimentais de que este fenómeno deposita realmente energia suficiente para ser importante no vento solar.
A descoberta foi possível devido a um alinhamento coincidente em fevereiro de 2022 que permitiu às sondas Parker Solar Probe e Solar Orbiter medir o mesmo fluxo de vento solar com dois dias de diferença. A Solar Orbiter estava quase a meio caminho do Sol, enquanto a Parker estava a contornar o limite da atmosfera magnética do Sol.
Veja na Galeria imagens da passagem das sondas pelo Sol:
Os cientistas não relacionaram de imediato que as sondas mediam o mesmo e que estavam próximas e alinhadas uma com a outra. Deste modo, “a Parker viu este plasma mais lento perto do Sol, cheio de ondas ’switchbacks’, e dois dias depois a Solar Orbiter registou um fluxo rápido que tinha recebido calor e com muito pouca atividade de ondas”, disse Samuel Badman, astrofísico do Centro de Astrofísica e o outro colíder do estudo. “Quando ligámos as duas coisas, foi um verdadeiro momento eureka”.
A Parker foi construída para voar através da atmosfera do Sol, ou "coroa" e a missão Solar Orbiter da ESA/NASA está também numa órbita que a leva relativamente perto do Sol e mede o vento solar a distâncias maiores.
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