A casa de Mario, Zelda, Donkey Kong e muitas dezenas de outras personagens comemora hoje 135 anos. Apesar de ser conhecida pelas consolas e videojogos, a Nintendo sempre teve ligações ao fabrico de brinquedos, mas outros negócios bem diferentes daquilo que imaginaríamos, desde frotas de táxis a hotéis de encontros. Mas a origem da Nintendo, fundada na cidade japonesa de Quioto por Fusajiro Yamauchi, começou os primeiros negócios ligados a cartas de jogar, conhecidas como Hanafuda (cartas de flores).
A loja de cartas, fundada exatamente no dia 23 de setembro de 1889, tornou-se bastante popular e cresceu, aumentando o número de funcionários. Durante mais de um século a empresa manteve a família Yamauchi na liderança. O último presidente da família foi Hiroshi Yamauchi (bisneto do fundador), que entrou na Nintendo em 1949 até passar a pasta ao saudoso Satoru Iwata em 2002.
A popularidade das cartas no Japão incentivou a Nintendo a exportar para o resto do mundo e em 1902 começaram a ser produzidas cartas com estilos ocidentais. Em 1951 a empresa mudou o nome para Nintendo Playing Card Co. Ltd. As suas fábricas cresceram e a empresa tornou-se, em 1953, a primeira a conseguir fabricar cartas de plástico em série. Poucos anos depois começaram a surgir novas licenças, como as personagens da Disney em 1959, resultando na criação bem-sucedida de um novo mercado direcionado a cartas para crianças.
O sucesso das cartas foi tão grande que estas começaram a ser associadas a apostas ilegais em grupos criminosos organizados, como a Yakuza. Há registos de que muitos membros da Yakuza utilizavam tatuagens inspiradas em muitas ilustrações das cartas Hanafuda da Nintendo. Isso fez com que muitas pessoas deixassem de jogar pela associação ao crime. E nos anos 1960 o negócio começou a decair e Hiroshi Yamauchi procurou outros ramos de negócio.
Durante a década de 1960 a Nintendo passou por dificuldades na indústria dos brinquedos, na altura dominada por empresas como a Bandai e a Tomy. Mas o sucesso da empresa voltaria a sorrir, muito graças a um nome: Gunpei Yokoi. Quando visitou uma das suas fábricas de Hanafuda, Hiroshi Yamauchi reparou num brinquedo baseado num braço extensível, criado nos tempos livres por Yokoi. Foi-lhe pedido que o transformasse num brinquedo comercial a tempo do Natal, nascendo assim a Ultra Hand, que foi um dos primeiros grandes sucessos da empresa, vendendo centenas de milhares de unidades.
Esse sucesso catapultou o engenheiro Gunpei Yokoi para a liderança do departamento de brinquedos, seguindo-se muitos outros sucessos, como o Love Tester (que apresentava a percentagem de match entre os casais) e o Ultra Machine, uma máquina que ativava bolas de basebol.
Todos os brinquedos de Gunpei Yokoi tinham como base uma componente tecnológica e em 1970 a Nintendo lançou a Beam Gun, baseada na Light Gun em parceria com a Sharp. Quando em 1972 surgiu a primeira consola de videojogos no mercado, a Magnavox Odyssey, esta utilizava como acessório a Light Gun da Nintendo, sendo esta considerado o primeiro contacto da Nintendo nos videojogos.
Esta foi a semente que deu início à era da Nintendo nos videojogos tal como a conhecemos. Gunpei Yokoi liderou a divisão de videojogos que levaria Donkey Kong de Shigeru Miyamoto às máquinas arcade em 1981. E seria o engenheiro o responsável pela primeira consola da Nintendo, a Game & Watch, tendo vendido mais de 43 milhões de unidades em todo o mundo. Esta portátil seria a percursora do Game Boy, lançada um pouco mais tarde em 1989, tornando-se igualmente um dos maiores sucessos da empresa.
Pelo meio, a primeira consola de sala, NES, chegaria aos Estados Unidos em 1985, sendo responsável por salvar a indústria do crash de 1983. Para conseguir penetrar neste mercado americano, a Nintendo teve de vender a consola como um “brinquedo” juntamente com o robot R.O.B., que serviu de “cavalo de troia” para um dos maiores fenómenos de sempre, Super Mario Bros.
Desde então e nas últimas quatro décadas, a Nintendo tornou-se o colosso da indústria de gaming, tanto a nível de consolas portáteis, como domésticas. A capacidade da empresa se diferenciar da concorrência, inicialmente da SEGA e depois da PlayStation e Xbox, é uma das imagens de marca da fabricante, onde nunca se sabe bem o que esperar a seguir.
Atualmente a Switch está no oitavo ano de vida no mercado, esperando-se que a Nintendo revele a sucessora até ao final do corrente período fiscal no fim de março de 2025. O que esperar da próxima consola? Ninguém consegue desconfiar, tal a imprevisibilidade das suas propostas.
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