Ainda não tinham passado seis semanas completas do início da campanha científica, quando o rover Perseverance depositou o décimo e último tubo com amostras da geologia marciana na superfície do Planeta Vermelho.

O feito é classificado pela NASA como “um grande marco” que envolveu planeamento e navegação de precisão, para garantir que os tubos possam ser recuperados em segurança. A ideia é que, ao abrigo da campanha MSR (Mars Sample Return) - que também envolve a ESA -, as amostras sejam recolhidas para serem analisadas em Terra, para um estudo mais aprofundado.

Ao longo da sua visita, o Perseverance tem recolhido pares de amostras geológicas consideradas cientificamente significativas. Os cientistas acreditam que os núcleos de rochas recolhidos fornecem "uma excelente secção transversal dos processos geológicos que ocorreram em Jezero, logo após a formação da cratera, há quase 4.000 milhões de anos".

Uma amostra de cada par está agora depositada na região "Three Forks", em cratera Jezero. A outra metade permanece dentro do rover, que em princípio será o principal meio de transporte para o veículo de recuperação, o Sample Retrieval Lander (SRL).

O veículo integra um elemento que vai desempenhar um papel crucial para o sucesso da missão. De acordo com a ESA, o Sample Transfer Arm (STA) é um braço robótico concebido para ser autónomo e robusto, sendo capaz de realizar um vasto conjunto de movimentos. Além de ser guiado por duas câmaras e vários sensores, o braço conta com uma espécie de “garra” desenhada para apanhar os tubos de amostras.

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Além dos 10 tubos de amostras, o Perseverance depositou também uma "amostra atmosférica" (denominada "tubo testemunha"), que servirá para determinar se as amostras recolhidas estão contaminadas com materiais que viajaram a partir da Terra com o rover.

ESA mostra como funciona o braço robótico que vai recolher as amostras do rover Perseverance em Marte
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Os tubos de titânio foram depositados na superfície num padrão em zigue-zague, sendo que cada amostra foi colocada a uma distância de cerca de 5 a 15 metros da seguinte para garantir que a sua recuperação é feita com segurança.

Próximos passos em Marte

Passar Rocky Top representa o fim da primeira fase da campanha do rover - a Delta Front Campaign - e o início de uma segunda - a Delta Top Campaign -, dada a transição geológica registada, explica a NASA.

Uma das primeiras paragens que o rover fará durante a nova campanha científica é num local que a equipa denomina de “Curvilinear Unit”. Consiste, essencialmente, num banco de areia feito de sedimentos depositados numa curva num dos canais fluviais de Jezero. Pensa-se que será um excelente local para encontrar afloramentos de arenito e talvez argilito, e para ter uma visão dos processos geológicos marcianos, para além das “paredes” de Cratera Jezero.

depois das várias fases, a final é que o Perseverance entregue as amostras geológicas recolhidas em Marte a uma sonda, que as colocará a bordo de um pequena nave que ficará na órbita do PLaneta Vermelho. Por sua vez, uma outra nave espacial vai recolher o recipiente das amostras e devolvê-lo à Terra.