Os testes ao "gémeo terrestre" do ExoMars já começaram há alguns meses, primeiro com as experiências de rotação e equilíbrio e, mais recentemente, com a condução do rover no Simulador de Terreno de Marte, no ALTEC, em Turim, na Itália.
O modelo, conhecido por GTM (Ground Test Model) e que servirá para ensaiar diversas atividades antes de o ExoMars “final” partir em direção ao planeta vermelho, em junho de 2023, começou por responder a comandos enquanto estacionário, passando depois para atividades de condução simples, em diferentes superfícies, enfrentando pequenas subidas, terreno rochoso e outros.
Com o sistema de locomoção em funcionamento, chegou agora a altura de acionar as câmaras e os instrumentos de análise do gémeo terrestre do ExoMArs, também conhecido como Rosalind Franklin, e pô-lo a “desbravar” um terreno semelhante a Marte – tanto à superfície como abaixo dela - em busca das melhores amostras.
O GTM tem estado ocupado a “esmiuçar” 64 metros quadrados de terreno cuidadosamente preparado com áreas arenosas e rochas de vários tamanhos, bem como simulações de gravidade e luz, com o objetivo de recriar o ambiente em Marte, segundo revela a Agência Espacial Europeia (ESA), responsável pela missão, em parceria com a Roscosmos.
Duas câmaras estéreo na parte superior e inferior do mastro do rover - NavCam e LocCam - permitem que o GTM "veja" a três dimensões e identifique as rochas e declives à sua frente, guiando o rover por caminhos seguros e ajudando-o a evitar perigos.
Assim que o veículo robótico estiver em movimento, mais dois conjuntos de câmaras - PanCam e CLUPI - entram em ação para obter um retrato completo do local, com imagens de alta resolução. Esses “olhos” enviam imagens panorâmicas e em close-up do terreno para os operadores no Rover Operations Control Center (ROCC).
As imagens são essenciais para mapear o contexto geológico e ajudar os cientistas a decidirem onde o rover deve parar e pesquisar a superfície com mais detalhe, sublinha a ESA.
Uma vez que a busca por evidências de vida em Marte é o principal objetivo da missão ExoMars 2022, encontrar amostras adequadas vai envolver muito mais do que apenas escolher um local e cavar. O rover está por isso equipado com um radar de penetração no solo - WISDOM - e um detetor de neutrões - ADRON – que o vão ajudar a perceber o que está abaixo da superfície.
Veja imagens do GTM na galeria:
Os primeiros testes científicos no Mars Terrain Simulator começaram com o veículo a fazer uma travessia para caracterizar uma área arenosa e plana. Depois de vaguear por um tempo, as câmaras presentearam os operadores com imagens estéreo e de alta resolução.
Escolhido um local suficientemente interessante, foi altura para obter mais informações abaixo da superfície, com o WISDOM a executar a sua análise científica a cada 10cm por 30 segundos. Depois que o laboratório com rodas cobriu cinco metros, deu duas voltas de 90 graus e começou tudo de novo numa nova área de cinco metros. No final do teste, WISDOM analisou 25 metros quadrados.
Um segundo teste repetiu essa sequência, desta vez com um percurso mais longo, de oito metros, para uma aquisição científica de maior alcance. E em vez de parar a cada meio metro, o GTM usava o WISDOM a cada metro. Em ambos os casos, a sequência foi completada pelo detetor de neutrões Adron, que fez medições em busca de vestígios de água.
Segundo a ESA, os próximos testes no Mars Terrain Simulator vão envolver a análise de amostras dentro do laboratório analítico do rover. Um conjunto de instrumentos - MicrOmega, Raman e MOMA – está responsável por estudar a composição mineralógica e molecular do solo. Durante a missão real a Marte, os resultados desta análise poderão vir a responder a perguntas sobre a potencial origem, evolução e distribuição de vida naquele planeta.
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