Este fim de semana, 30 jovens tiveram a oportunidade de fazer um “batismo” de voo em gravidade zero, na segunda edição da iniciativa Zero-G Portugal, organizada pela agência espacial portuguesa (Portugal Space). Mas, como é ser astronauta por um dia? Os jovens partilharam as suas experiências com o SAPO TEK.

À saída do Airbus A310 operado pela Novespace, na Base Aérea nº. 11 da Força Aérea Portuguesa, em Beja, as expressões nos rostos dos jovens não escondiam o “turbilhão” de emoções sentidas.

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Ao SAPO TEK, Lourenço Costa conta que, depois das equipas ocuparem os diferentes compartimentos dentro do avião, a experiência teve início com as primeiras parábolas. “Começámos na primeira parábola com a gravidade semelhante à do planeta Marte, que é mais ou menos um terço na nossa, e fizemos flexões com um braço e até as podíamos fazer com pessoas às costas”, explica.

As parábolas seguintes, que replicaram os efeitos da gravidade como se os passageiros estivessem na Lua, foram das mais divertidas para Lourenço. “Essa parte foi, para mim, a mais divertida, porque nós estávamos a ser puxados para o chão, mas tínhamos também bastante facilidade ao empurrar-nos para o ar”.

Já nas parábolas onde foi possível experimentar uma sensação de gravidade zero, “flutuamos descontroladamente e é muito difícil controlar mesmo, mas toda a gente se divertiu. Algumas pessoas ficaram enjoadas, mas é uma experiência única”, detalha o jovem.

Note que sentir-se enjoado ou vomitar é algo que pode suceder durante um voo parabólico, sendo este um dos pontos mencionados pelos instrutores de voo e especialistas durante os briefings.

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Durante o voo , os jovens tiveram, ao todo, a oportunidade de experienciar entre cinco a seis minutos de gravidade zero, divididos por intervalos de alguns segundos. Nas palavras de Sebastião Mendonça, “é realmente inacreditável a quantidade de manobras que se podem fazer em gravidade zero”.

Nestes momentos a Zero-G, os participantes puderam realizar várias atividades, incluindo acrobacias quase impossíveis de replicar na terra, assim como experiências um pouco mais científicas, com bolhas de água e bolas de espuma.

“Senti muita liberdade. Senti-me como um super-herói a pular de um lado para o outro na cabine. Foi uma experiência maravilhosa e indescritível”, realça Caio Paiva.

Já Cátia Silva conta que, embora tenha sido uma experiência “muito emocionante”, sentiu “muita confusão”. “Eu passei grande parte do voo sentada e só fiz a última parábola e, nessa, eu estava a rodar e a pôr-me de cabeça para baixo e houve um ponto em que eu não conseguia mesmo identificar para onde é que eu estava virada de todo”.

No voo, os jovens também tiveram a oportunidade de levar consigo algum objeto que considerassem importante. Por exemplo, um dos jovens açorianos que participaram levou uma bandeira da região autónoma. Cátia aproveitou para fazer uma pequena experiência com um balão de hélio, para perceber quais seriam os efeitos da gravidade zero.

Recorde-se que, o voo, que teve uma duração total a rondar uma hora e 45 minutos, foi composto por uma série de manobras de ascensão e queda, realizadas a partir de uma altitude de 6.000 metros.

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Como detalhado pelos instrutores e especialistas durante o briefing no dia anterior ao voo, num período de cerca de uma hora, são realizadas 15 parábolas. Após três parábolas onde são replicados os efeitos da gravidade como se os passageiros estivessem em Marte e na Lua, são realizadas 12 parábolas onde é possível experimentar uma sensação de gravidade zero.

Ainda no dia anterior ao voo, os jovens com quem falámos sentiam que era difícil encontrar palavras que descrevessem totalmente a sensação de embarcar na aventura única que era ser astronauta por um dia. Aliás, para muitos, a altura em que entraram pela primeira vez no avião, já equipados com fatos "espaciais", foi o momento em que "a ficha caiu" e em que verdadeiramente se deram conta da realidade que os esperava.

“Eu ainda não tinha pensado muito sobre o assunto, estava mais a aproveitar a experiência até agora, mas quando vestimos os fatos pela primeira vez acho que se tornou mesmo real”, contou Francisca Cardoso ao SAPO TEK.

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Para Rodrigo Cerejo, “foi uma sensação diferente quando realmente nos apercebemos que «sim, ganhámos, passámos» e vamos estar naquele avião e que vamos sentir o Zero-G. Eu acho que é incrível percebermos isso e todas as nossas amizades que fizemos até agora".

Já Tiago Fraga sentia que ainda estava a tentar assimilar tudo o que se estava a passar. “Não é fácil pensar num projeto com esta grandeza e com esta importância. Não é uma empresa pequena e individual: é a agência espacial portuguesa que estamos a falar". "Sinto que, realmente, é uma coisa muito importante e que temos muita sorte em estar aqui. Trabalhámos muito para estar aqui e são oportunidades como estas que devemos agarrar”, enfatizou o jovem.

Nesta segunda edição da iniciativa Zero-G Portugal- Astronauta por um Dia, a Portugal Space recebeu 552 candidaturas, num número recorde de inscrições e incluindo, pela primeira vez, finalistas vindos das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, assim como de Faro e de Beja.

Recorde-se que iniciativa contou com o apoio da Força Aérea Portuguesa, da Câmara Municipal de Beja, assim como da Ciência Viva, da Faculdade de Psicologia Ciências da Educação da Universidade do Porto e da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa.

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