A nave espacial Voyager 1 está de volta à ribalta cósmica em pleno, pela primeira vez depois de um problema técnico que a afetou no passado mês de novembro, anunciou a NASA.

A questão tinha ficado parcialmente resolvida em abril, quando a nave recomeçou a enviar dados de engenharia, abrangendo informação sobre a sua saúde e estado. No mês seguinte foi executada a segunda etapa do processo de reparação, com o envio de um comando relativo à comunicação dos dados científicos.

Dois dos quatro instrumentos regressaram imediatamente aos seus modos normais de operação, mas os restantes dois exigiram "algum trabalho adicional", entretanto terminado, partilhou a NASA. Responsáveis por estudar ondas de plasma, campos magnéticos e partículas, os quatro instrumentos estão agora a funcionar e pleno, garante a agência norte-americana.

Recorde-se que a Voyager 1 e a “gémea” Voyager 2 são, até agora, as únicas naves espaciais a operarem fora da heliosfera, a bolha protetora de partículas criada pelo campo magnético do Sol onde residem os planetas, explorando o oceano galáctico do espaço interestelar.

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O ambicioso programa espacial da NASA começou no verão de 1977, primeiro com o lançamento da Voyager 2, a 20 de agosto, e, duas semanas depois, da “gémea” Voyager 1, a 5 de setembro, aquele que é o objeto espacial criado pelo homem que mais distante ficou da Terra, atualmente a mais de 24 mil milhões de quilómetros.

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As duas Voyager foram enviadas com a principal missão de estudar de perto os quatro gigantes gasosos que orbitam o Sol, além do Cinturão de Asteroides: Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno.

Originalmente, foram construídas para durarem cerca de apenas cinco anos e para recolherem só informação sobre Júpiter e Saturno, pois seria demasiado dispendioso prepará-las para visitarem também Urano e Neptuno.

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Surpreendentemente, acabaram por durar (muito) mais do que o esperado e conseguiram fazer “o pleno” dos gigantes gasosos.

Embora permaneçam na vanguarda da exploração espacial, as sondas gémeas são autênticas “cápsulas do tempo” da sua época: têm cerca de três milhões de vezes menos memória do que um telemóvel atual e transmitem dados cerca de 38.000 vezes mais devagar do que uma ligação de internet 5G.

São igualmente conhecidas por carregarem, cada uma, um disco de cobre coberto de ouro de 30 centímetros de diâmetro onde está registada informação sobre a vida na Terra. Entre os dados integrados estão fotografias, sons ambiente, músicas e saudações em 55 línguas diferentes - incluindo uma em português.

Além dos problemas técnicos que vão surgindo, os engenheiros da missão Voyager querem continuar a aplicar medidas para ajudar a garantir que ambas as sondas continuem a explorar o espaço interestelar, mantendo o contacto com a Terra pelo maior tempo possível.