Já se previa que a interrupção fosse temporária, mas o restabelecimento das comunicações com Voyager 2 acabou por acontecer mais rapidamente do que o esperado. A sonda voltou a transmitir informação para Terra e está a funcionar normalmente desde este sábado, anunciou a NASA.
A agência norte-americana tinha perdido o contacto com a Voyager 2 em finais de julho, depois da antena da nave sofrer um pequeno desvio acidental que interrompeu a transmissão de dados.
Com o que aconteceu, a nave não estava a receber os comandos da equipa da NASA nem a enviar os habituais dados registados no espaço para a Terra. Previa-se, contudo, que o problema fosse temporário.
A Voyager 2 está programada para redefinir a orientação várias vezes por ano, de modo a manter a antena apontada para a Terra. A próxima redefinição aconteceria a 15 de outubro próximo, o que permitiria retomar a comunicação.
O “grande susto” acabou, no entanto, muito mais cedo do que o esperado. Segundo a NASA, a recuperação do sinal aconteceu graças ao equivalente a um “grito” interestelar enviado pela Deep Space Network, uma rede internacional de antenas, que deu "instruções à sonda para se reorientar e virar a antena de volta para a Terra".
Tendo em conta os 19,9 mil milhões de quilómetros de distância da Voyager 2, a ordem de comando demorou pouco mais de 18 horas a chegar, e foi preciso o mesmo tempo para ter a certeza do resultado, explicou a NASA.
A nave está de "boa saúde" e "a funcionar normalmente", tendo mantido a “trajetória prevista" durante o tempo em que esteve em silêncio.
A “velhinha” Voyager 2 está prestes a completar 46 anos no espaço e recentemente a agência espacial norte-americana anunciou que vai manter os seus instrumentos científicos ativos por mais alguns, apesar dos 19,9 mil milhões de quilómetros de distância.
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O ambicioso programa espacial da NASA começou no verão de 1977, primeiro com o lançamento da Voyager 2, a 20 de agosto, e, duas semanas depois, da “gémea” Voyager 1, a 5 de setembro, aquele que é o objeto espacial criado pelo homem que mais distante ficou da Terra, atualmente a quase 24 mil milhões de quilómetros.
As duas Voyager foram enviadas com a principal missão de estudar de perto os quatro gigantes gasosos que orbitam o Sol, além do Cinturão de Asteroides: Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno.
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Originalmente, foram construídas para durarem cerca de apenas cinco anos e para recolherem só informação sobre Júpiter e Saturno, pois seria demasiado dispendioso prepará-las para visitarem também Urano e Neptuno. Surpreendentemente, as duas sondas acabaram por durar (muito) mais do que o esperado e conseguiram fazer “o pleno” dos gigantes gasosos.
Embora permaneçam na vanguarda da exploração espacial, as sondas gémeas são autênticas “cápsulas do tempo” da sua época: têm cerca de três milhões de vezes menos memória do que um telemóvel atual e transmitem dados cerca de 38.000 vezes mais devagar do que uma ligação de internet 5G.
São igualmente conhecidas por carregarem, cada uma, um disco de cobre coberto de ouro de 30 centímetros de diâmetro onde está registada informação sobre a vida na Terra. Entre os dados integrados estão fotografias, sons ambiente, músicas e saudações em 55 línguas diferentes - incluindo uma em português.
Outro feito que ninguém lhes tira é serem, até agora, as únicas sondas a operarem fora da heliosfera, a bolha protetora de partículas criada pelo campo magnético do Sol onde residem os planetas, explorando o oceano galáctico do espaço interestelar.
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