As empresas portuguesas conseguiram garantir um apoio de 37,4 milhões de euros na última chamada do European Innovation Council, um instrumento de financiamento do programa Horizonte Europa, onde Portugal tem conseguido manter uma performance que se destaca.
Portugal acabou por ser o segundo país com mais financiamento aprovado neste programa do Horizonte Europa. Só a PICadvanced, de Aveiro, viu aprovado um financiamento de 17,44 milhões de euros, um valor próximo do teto máximo de apoio disponível.
Em destaque estão também a Sea4Us, que captou 5,96 milhões de euros, e a Targtex, com um financiamento aprovado de 14 milhões de euros. A empresa do Algarve, que se dedica à biotecnologia de recursos marinhos, vai conseguir avançar com testes clínicos para um novo analgésico, não-opioide e de inspiração marinha, que quer colocar no mercado. O medicamento terá grande eficácia no tratamento da dor crónica, um problema que afeta 1,6 mil milhões de pessoas em todo o mundo, sem os efeitos secundários dos opioides.
A tecnológica de Lisboa Targtex, que nasceu em 2019 como um spin-off do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa, vai usar o financiamento obtido para fazer a validação clínica de uma terapia promissora para o tratamento de Glioblastoma. Este é o tumor cerebral maligno mais comum e agressivo que se conhece, e para o qual as terapias atuais são pouco eficazes. O tratamento que a Targtex tem vindo a desenvolver está em fase pré-clínica e já demonstrou, com uma única administração localizada, capacidade de erradicação do tumor.
A angariadora do maior pacote de apoio, a PICadvanced, vai usar o financiamento aprovado para terminar o desenvolvimento e trazer para o mercado uma nova geração de componentes optoelectrónicos para redes de fibra até casa. Com esta inovação vai ser possível disponibilizar mais largura de banda e uma melhor qualidade de serviço, de uma forma mais sustentável, porque usa menos matéria-prima e consome menos energia.
Nesta ronda de financiamento, Portugal destacou-se com a maior percentagem de candidaturas aprovadas: três em 13, o que se traduz numa taxa de aprovação de 23%. Foi também o segundo país com mais financiamento aprovado em termos absolutos, logo a seguir à França. França conseguiu captar financiamento para 12 empresas, num total de 106,5 milhões de euros. A seguir a Portugal surge a Alemanha e depois a Holanda e a Bélgica.
Desde que foi lançado, em março de 2021, o European Innovation Council financiou 13 empresas Deep Tech nacionais em cerca de 73,1 milhões de euros, através do EIC Accelerator, o instrumento mais importante da iniciativa.
A participação portuguesa no EIC é acompanhada pela Agência Nacional de Inovação, no âmbito da rede PERIN, como aconteceu agora com estes três projetos nas áreas dos componentes optoelectrónicos, da biotecnologia de recursos marinhos e dos fármacos aplicados ao combate ao cancro.
Este resultado “posiciona Portugal como o segundo país da UE com mais financiamento aprovado em termos absolutos. Esta é mais uma demonstração clara do caminho que o país está a percorrer, afirmando-se como um centro de inovação e de conhecimento”, destaca o ministro da economia, António Costa e Silva.
Já o presidente da ANI, António Grilo, frisa que “Portugal tem vindo a ter uma performance extremamente positiva no Horizonte Europa e este balanço no acesso a financiamento por via do EIC tem sido completamente extraordinário”.
“Isto é um sinal claro de que os investigadores em Portugal demonstram não só excelência a nível científico e tecnológico, mas também estão a ter um elevado nível empreendedor, pois estão a fundar start-ups Deep tech que se vão tornar líderes”, defende ainda o presidente da ANI.
O EIC Accelerator apoia startups e PME que trabalham com tecnologias disruptivas e que têm ambições globais, através de financiamento a fundo perdido até 2,5 milhões de euros e capital de risco até 15 milhões de euros, bem como com serviços de aceleração de negócios.
A Hydrumedical, iLof, Bac3Gel, C2C-NewCap, Immunethep, RUBYnanomed, Arborea, AI4MedImaging, PeekMed e WATGRID foram as outras empresas apoiadas pela iniciativa.
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