David Chernoff, professor de astronomia na Universidade de Cornell, apresentou uma abordagem inovadora para identificar cordas cósmicas – estruturas hipotéticas previstas pela física teórica – utilizando o efeito de microlente gravitacional em estrelas da Via Láctea e galáxias próximas.
A técnica consiste em monitorizar o brilho das estrelas para identificar alterações características causadas pela passagem de uma corda cósmica.
Segundo a teoria, quando uma corda cósmica atravessa a linha de visão entre nós e uma estrela, o seu campo gravitacional atua como uma lente, dividindo a luz da estrela em duas imagens. O resultado seria um aumento súbito e temporário do brilho da estrela, que poderia duplicar por alguns dias antes de voltar ao normal, como explica a BBC Science Focus.
Embora David Chernoff já tenha começado a analisar dados preliminares, ainda não encontrou evidências concretas de cordas cósmicas. A abordagem é considerada especulativa, e a probabilidade de sucesso depende de fatores desconhecidos, como a velocidade das cordas e a sua possível concentração em galáxias. Apesar disso, a proposta tem gerado otimismo na comunidade científica. “É uma ideia interessante”, afirma o físico Ken Olum, da Universidade de Tufts, uma opinião partilhada por J. Richard Gott, professor emérito de astrofísica na Universidade de Princeton.
Também David Chernoff apresenta um otimismo cauteloso. “Estamos numa era dourada para este tipo de experiência”, diz ele, destacando os investimentos da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, da NASA e da ESA em projetos capazes de medir repetidamente a luz de numerosas estrelas. Um exemplo promissor é o Observatório Vera C. Rubin, em construção no Chile.
O observatório Vera C Rubin pode ser una ferramenta essencial na procura de cordas cósmicas
Este telescópio revolucionário permitirá criar um filme em time-lapse do céu, monitorizando 17 mil milhões de estrelas nunca observadas, o que poderá trazer avanços significativos para a deteção de cordas cósmicas.
Os cientistas sabem há décadas que a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein permite a existência de loops no tempo – um conceito que, em teoria, poderia viabilizar viagens temporais. Esses loops são possíveis porque o espaço-tempo pode curvar-se ao ponto de se fechar sobre si mesmo, formando um ciclo contínuo.
Embora ninguém tenha observado ou criado um desses loops, são soluções válidas nas equações de Einstein. Em 1991, o físico J. Richard Gott demonstrou que duas cordas cósmicas em movimento poderiam gerar tal loop, sendo essa uma solução exata das equações.
Objetos massivos, como cordas cósmicas, podem deformar o espaço-tempo, criando atalhos – uma ideia semelhante ao conceito teórico de wormhole. “A Relatividade Geral mostra que é possível vencer um raio de luz numa corrida se houver um atalho”, explica J. Richard Gott.
Imagine viajar entre dois planetas com uma corda cósmica no meio. Esse cenário criaria um caminho mais curto do que a rota direta entre os dois pontos. Se uma nave espacial viajasse perto da velocidade da luz por esse atalho, chegaria ao destino antes de um raio de luz que seguisse a trajetória “reta”. O efeito seria tão extraordinário que, ao chegar, o viajante poderia observar o momento em que ainda fazia as malas no ponto de partida.
A sonda LISA pode trazer mais evidências da existência de cordas cósmicas
J. Richard Gott também mostrou que, se duas cordas cósmicas infinitas cruzassem em direções opostas a velocidades próximas à da luz, isso distorceria o espaço-tempo de tal forma que criaria um loop temporal. Neste caso, ao viajar ao redor dessas cordas, seria possível regressar ao passado.
Contudo, as exigências para tal cenário são extremas. Tanto a nave espacial quanto as cordas precisariam viajar a 99,99% da velocidade da luz. Além disso, encontrar duas cordas infinitas próximas é altamente improvável. Apesar disso, J. Richard Gott acredita que explorar essas possibilidades pode revelar pistas importantes sobre o funcionamento do Universo.
O físico Ken Olum confirma que a matemática de J. Richard Gott está correta, mas mantém-se cético quanto à possibilidade de construir uma máquina do tempo com base em cordas cósmicas.
Embora a ideia de viagens no tempo por meio de cordas cósmicas permaneça no domínio da especulação, essas pesquisas continuam a fascinar os cientistas.
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