Um grupo de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica do Técnico desenvolveu um sistema autónomo que permite o uso de drones autónomos para vigiar áreas nacionais em risco de incêndios. Segundo o investigador Daniel Silvestre, foram cruzadas diferentes fontes de informação, tais como dados de satélite do IPMA, assim como aplicações disponíveis para os cidadãos, que proactivamente partilham alertas.
Esses dados permitiram construir um mapa de risco. O investigador afirma que grande parte do trabalho é eliminar os dados que não sejam fidedignos e de seguida desenhar uma trajetória para os sistemas autónomos, que passam a ser os vigilantes a partir do céu das zonas mais problemáticas.
Os investigadores afirmam que qualquer sistema autónomo, tal como um drone ou um avião não tripulado, que não necessite de um operador humano, poderá decidir quais são as zonas vigiadas e qual a melhor trajetória a tomar. É referido que este percurso aéreo pode conter mais ou menos informação e que a sua versão menos complexa e barata funciona como um aspirador robótico, neste caso no céu. Nesse sentido, os investigadores criaram algoritmos que definem as trajetórias dos veículos, combinando esses dados com os de satélite.
Daniel Silvestre diz que “é frequente termos várias pessoas a fazer upload de uma fotografia, que aponta para um certo local, mas trata-se de um erro comum no equipamento. Acontece se usarem o mesmo tipo de telefone, por exemplo. Com este sistema conseguimos verificar se se trata de um erro ou se há de facto algum perigo”. O sistema é alimentado pela base de informação de aplicações previamente desenvolvidas na Universidade de Coimbra.
Os algoritmos do projeto validam a informação com várias fontes, uma vez que as bússolas e sensores dos smartphones podem ser afetadas por lagoas, cabos de alta tensão e outros fatores, nas fotografias partilhadas pelos utilizadores, associados a uma localização. Depois dessa informação sere validada, o drone vai verificar as zonas de risco, recorrendo a sistemas de deteção através de câmaras, de forma autónoma.
A equipa diz que uma ação tão básica de um utilizador, tal como dar um passeio com a aplicação ligada, pode ajudar a informar o sistema de que naquela área não existem problemas, poupando dessa forma os esforços dos drones, que poderão estar a vigiar outros locais. Assim, os dados de satélite são cruzados com os das pessoas, criando-se um mapeamento mais realista das zonas em perigo de incêndios.
O projeto, denominado por FirePuma, começou com a ideia de fornecer as respetivas trajetórias a outros grupos de investigação ligados à vigilância, mas este cresceu para além da proposta inicial. O uso das alterações em tempo real nas trajetórias dos drones, assim como as contribuições dos utilizadores através das aplicações, elevaram o desafio da investigação. O objetivo passa por oferecer uma vigilância proactiva, uma vez que o drone circula por trajetórias adaptáveis e criadas mediante o perigo das zonas.
A equipa procura agora perceber se o projeto é financeiramente viável e conseguir ter um conjunto de equipamentos a vigiar os espaços de risco, contribuindo para poupanças de recursos a longo prazo.
Nesta fase, ainda é necessário integrar o componente de hardware e software e por isso, a equipa tem vindo a crescer. Este ano três estudantes vão terminar a sua tese de Mestrado no âmbito deste projeto. E em breve vão-se juntar mais cinco pessoa. A rede de sensores já está funcional, ou seja, há comunicação com o drone que diz funcionar como um Wi-fi de longa distância. O Campus Taguspark tem sido o local de testes dos voos dos drones e tem como objetivo colocar os aparelhos a voar em conjunto, depois da fase bem-sucedida no simulador. Espera-se que os primeiros voos em campo comecem em agosto.
Nota de redação: Artigo atualizado com mais informação. Última atualização: 13h10.
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