Uma investigação provou que é possível reconstruir música a partir do córtex auditório do cérebro humano. Para tal foram utilizados modelos de descodificação não lineares, capazes de interpretar dados de eletroencefalografia (iEEG) de 29 pacientes que ouviram uma música dos Pink Floyd. Os cientistas aplicaram um estímulo de reconstrução semelhante utilizado no domínio da fala.

O estudo publicado salienta que os cientistas conseguiram reconstruir uma música reconhecida diretamente dos registos neurais e quantificaram o impacto dos diferentes fatores da assertividade da descodificação. Ao combinar as análises de codificação e descodificação, os investigadores descobriram o hemisfério certo do domínio da perceção de música. No fundo foi descoberta a área que responde aos elementos musicais.

A descoberta mostra a viabilidade de aplicar modelos preditivos em pequenas bases de dados recolhidos em pacientes e utilizá-los, por exemplo, na adição de elementos musicais em aplicações de interface cérebro-computador.

E deve estar a perguntar-se qual foi a música dos Pink Floyd que originou esta descoberta. Nada mais que Another Brick in the Wall, um dos temas mais conhecidos da banda. A música utilizada no estudo é referida como rica e complexa para o estímulo necessário, capaz de abordar as regiões de codificação do cérebro de elementos musicais incluindo acordes (três notas tocadas em conjunto), harmonia e o ritmo.

Para registar a atividade neural foram utilizados um total de 2.668 elétrodos na superfície cortical dos pacientes. O documento diz que ouvir música de forma passiva é particularmente apropriada para a abordagem de reconstrução por estímulo. Os 29 participantes na experiência têm um tipo de epilepsia que são tratados através desses elétrodos implantados cirurgicamente. E foram estes os utilizados para registar a atividade cerebral em relação à música. Foi utilizado IA para analisar e criar o registo de palavras e sons que os participantes ouviram.

No final do documento pode ouvir os excertos da música gravados a partir das ondas cerebrais dos pacientes. Poderá não reconhecer de imediato, mas se comparar com a música original transformada na mesma frequência vai notar as comparações.