Para quem tem condições musculares ou nas articulações das mãos, pegar em objetos, sobretudo aqueles que são mais pesados, é um pesadelo. Mas, e se uma luva inteligente fosse capaz de devolver a mobilidade perdida e melhorar a sua vida? É esta a proposta da portuguesa Nuada.
Recentemente, a healthtech apresentou a sua tecnologia que devolve a mobilidade à mão após se ter financiado em 560 mil euros através da GoParity, a plataforma de crowdlending para projetos de impacto.
Ao SAPO TEK, Filipe Quinaz, CEO da Nuada, conta que a parceria com a GoParity se afirma como uma “parte crucial” nas suas conquistas. “Mais do que o financiamento em si, que é importante, tem-nos permitido alcançar visibilidade para o nosso produto e para a nossa marca, sobretudo em Portugal”, afirma.
O responsável admite que, como a Nuada tem “vindo sempre a ser abordada por parceiros fora de Portugal”, muitas vezes, a startup não investiu “tempo e dedicação suficientes” no mercado português, algo que a parceria com a plataforma de crowdlending veio alterar.
“Estamos focados em criar um impacto através da melhoria da qualidade de vida das pessoas com mobilidade reduzida das mãos”, detalha Filipe Quinaz, acrescentando que a empresa ambiciona oferecer um “produto mais competitivo do que outras soluções no mercado, não deixando de ser discreto e assim melhorar os cuidados de saúde”, além de contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Uma "super" luva com inteligência
Desde que representou Portugal na final mundial da Imagine Cup, em 2014, até ter validado a sua ideia com sucesso em 2021, o projeto da Nuada, tem evoluído, mas como é que a sua luva inteligente funciona?
“A Nuada parece uma luva normal, no entanto, com ela, o utilizador pode segurar até 40 kg com a mão completamente relaxada”, explica o responsável. Quando o utilizador coloca o sistema na mão e no pulso, os “sensores da luva compreendem o que quer fazer.
Ao fechar a sua mão em torno de um objeto, a luva adapta-se aos contornos e “ajuda ativamente” a segurá-lo, dando ao utilizador a possibilidade de relaxar a mão e de manter a pressão. Já quando este quer abrir a mão, “os sensores no interior [da luva] geram sinais que são processados e controlam o sistema de apoio”. “O utilizador move a sua mão naturalmente e o sistema adapta-se”, indica Filipe Quinaz.
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Ao detetar que o utilizador quer segurar um objeto, o sistema adapta o movimento e a posição dos tendões artificiais integrados nos têxteis da luva, fazendo-os suportar o seu peso. “Neste caso, o utilizador pode relaxar os seus músculos e o sistema ainda estará a apoiar a mão”, detalha o responsável. Quando a mão é aberta, “o sistema também compreende a intenção”.
Além da sua utilidade no caso de pessoas que, “devido ao envelhecimento, doença, problemas traumáticos ou genéticos não têm força nas mãos ou dedos”, a luva inteligente pode ajudar também quem realiza “diariamente movimentos repetitivos das mãos em circunstâncias de trabalho” e que pode estar em “risco inerente de obter uma lesão músculo-esquelética”.
Em destaque na luva está ainda um sistema que permite guardar informação como força de tração, estabilidade dos movimentos e frequência cardíaca do utilizador, que pode ser depois partilhada com os profissionais de saúde que o acompanham e acedida através de um smartphone, tablet ou PC.
A Nuada já começou a pré-venda da versão 1.0 da sua luva inteligente através do seu website e, segundo Filipe Quinaz, a healthtech já recebeu encomendas vindas de várias regiões do mundo, como Canadá, Austrália ou Estados Unidos.
O responsável conta que, mesmo durante a pandemia, a empresa conseguiu fazer apresentações da sua luva inteligente junto de distribuidores e clínicas em Portugal, mas também em países como Dinamarca, Suécia, Estados Unidos e Noruega. A empresa também estabeleceu uma parceria com clínicas norte-americanas, o que a ajudará a chegar a um público ainda maior.
“Continuamos ativamente a trabalhar no desenvolvimento do produto, adaptando-o cada vez mais às necessidades dos clientes que vamos identificando ao longo deste percurso”, afirma.
De olhos postos no futuro, a Nuada quer agora concluir a sua campanha de pré-venda, que tem como objetivo “alcançar as 500 unidades vendidas” para que possa “passar à fase de produção destas unidades e assim garantir o preço competitivo”, indica Filipe Quinaz.
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