Os dados da missão foram revistos por uma equipa de investigadores liderada pelo Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (agência espacial dos EUA) e os resultados foram publicados na revista Nature Astronomy, como adiantou a agência de notícias Efe.
A Voyager 2, lançada em 1977, sobrevoou Urano em 1986, naquela que foi a única visita de um dispositivo humano àquele planeta. Depois continuou a sua viagem para além do sistema solar, tal como a sua "irmã" Voyager 1. As duas sondas foram enviadas com a principal missão de estudar de perto os quatro gigantes gasosos que orbitam o Sol, além do Cinturão de Asteroides: Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno.
Originalmente, foram construídas para durarem cerca de apenas cinco anos e para recolherem só informação sobre Júpiter e Saturno, pois seria demasiado dispendioso prepará-las para visitarem também Urano e Neptuno. Surpreendentemente, as duas sondas acabaram por durar (muito) mais do que o esperado e conseguiram fazer “o pleno” dos gigantes gasosos.
Os investigadores salientaram agora que este sobrevoo pode ter ocorrido em condições invulgares, quando a sua magnetosfera foi comprimida pelo vento solar, razão pela qual o conhecimento do sistema de Urano pode ser mais limitado do que se pensava anteriormente.
As magnetosferas planetárias (a região em torno de um planeta dominada pelo seu campo magnético) afetam o ambiente em torno de um planeta, e a compreensão das suas propriedades é crucial para o planeamento da missão.
Veja as imagens da missão da Voyager
O sétimo planeta do sistema solar teria, segundo os dados da sonda, uma magnetosfera única, fortemente assimétrica, que parecia carecer de plasma - um elemento comum aos outros planetas - e que apresentava cinturões de eletrões altamente energéticos invulgarmente intensos.
As características desta medição única foram utilizadas como base para a compreensão do campo magnético de Urano, mas estas anomalias têm sido difíceis de explicar sem uma física complexa.
Veja o vídeo de lançamento da Voyager 2
A equipa, liderada por Jamie Jasinski, reanalisou os dados da sonda antes do sobrevoo e descobriu que esta encontrou Urano logo após um intenso evento de vento solar, durante o qual uma corrente de partículas carregadas foi libertada da atmosfera da estrela solar.
O estado em que a Voyager 2 observou a magnetosfera de Urano seria na verdade "anómalo e comprimido" e a equipa considera que isso ocorre em "menos de 5% do tempo".
Se a sonda tivesse chegado apenas alguns dias antes, teria encontrado uma magnetosfera semelhante à dos outros planetas gigantes do Sistema Solar - Júpiter, Saturno e Neptuno - sem quaisquer características anómalas.
Os autores consideram que pode haver uma probabilidade muito baixa de que Titânia e Oberon (as luas mais exteriores de Urano) orbitem fora da magnetosfera, o que poderá permitir aos cientistas detetar oceanos subterrâneos sem interferência dos mesmos.
A interpretação da magnetosfera de Urano como extrema "pode ser" simplesmente o produto de um sobrevoo que ocorreu sob condições extremas de vento solar ascendente, consideraram os autores do estudo, que lembram que o conhecimento deste planeta permanece "muito limitado".
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