Há um novo icebergue gigante “à solta”. O bloco de gelo de 1.550 quilómetros quadrados e 150 metros de espessura, capaz de “alojar” 15 cidades do tamanho de Lisboa, desprendeu-se totalmente da plataforma Brunt, na Antártica, no último domingo.

Embora a região esteja ameaçada pelo aquecimento global, a rutura não foi diretamente provocada pelas mudanças climáticas, notou o British Antarctic Survey (BAS) que avançou a informação na altura, estando antes relacionada com uma forte maré de primavera registada, que acabou por ampliar uma fissura já existente.

Conhecida como Chasm-1, a fissura que resultou na rutura tinha sido identificada, pela primeira vez, no início de 2012, depois de ter estado inativa por algumas décadas. As imagens registadas pelas missões Copernicus Sentinel confirmam visualmente o “corte” total do bloco com a restante plataforma de gelo.

Veja as imagens do icebergue

O novo iceberg gigante deve ficar conhecido como A-81, e a parte menor que se soltou como A-81A ou A-82. Os icebergues são tradicionalmente identificados por uma letra maiúscula que indica o quadrante antártico em que foram originalmente avistados, seguida de um número sequencial, explica a ESA. Se o icebergue se dividir em pedaços mais pequenos, é acrescentado um sufixo de letra sequencial.

Os glaciologistas sabem que a separação de um icebergue costuma ser seguida por ajustamentos no fluxo de gelo em direção à "plataforma-mãe". A verificar-se, uma aceleração do fluxo pode, desta forma, vir a influenciar o comportamento de outras fissuras da plataforma Brunt, notam os especialistas.

O A-81 entra para o top dos maiores icebergues. Tem como principais “rivais” o A-68 de 5.800 quilómetros quadrados, que se desprendeu da plataforma de gelo Larsen-C em julho de 2017, e o A-76, que tinha 4.320 quilómetros quadrados quando se desprendeu, em maio de 2021, da plataforma de gelo Ronne.