Deli, a capital da Índia, está a sofrer a pior qualidade do ar dos últimos oito anos. E desde outubro que os níveis de poluição se deterioraram, mantendo-se perigoso desde o dia 12 de novembro. A cidade atingiu o nível 494 no Air Quality Index, representando a quantificação de “severo mais”, a pior classificação possível da escala, considerando que 50 é “bom” e mais que 200 é “pobre”, relata a Wired.

Os habitantes da cidade, afetados por uma partícula conhecida como PM2.5, têm registado ardor nos olhos, comichão na garganta, tosse persistente, febre e dificuldades na respiração. É referido que estas partículas penetram nos pulmões e correntes sanguíneas levando ao risco de doenças respiratórias e problemas cardiovasculares.

O aumento da poluição deve-se às condições climatéricas estagnadas, os agricultores a limpar os seus campos com fogo, o fumo do fogo de artifício, juntamente com as emissões industriais e dos veículos. O governo de Deli já tinha revelado um plano de ação para combater a poluição do ar durante o inverno. São várias medidas com grande suporte da tecnologia para diminuir a poluição e tornar o ar menos perigoso, apontou o Hindustan Times em setembro.

Na lista de medidas encontram-se a monitorização do ar através de drones, o uso de chuva artificial para ajudar a dispersar o smog, o uso de satélites e outras tecnologias. Segundo a Wired, as medidas têm sido contestadas por fazerem parte de uma estratégia não provadas e que apenas oferecem um alívio a curto prazo, sem resolver as questões sistémicas para a causa da poluição.

A chuva artificial é referida como a única solução para aliviar o smog. O ministro do ambiente, Gopal Rai, afirmou que se trata de uma emergência médica, apontou o India Today. O governo central deu autorização para usar a técnica de “cloud seeding” para produzir chuva artificial, mas é preciso ter condições do tempo favoráveis para realizar, tais como níveis específicos de humidade, precipitação e certas propriedades das nuvens. É depois preciso injetar químicos nas nuvens, tais como sal ou iodeto de prata para induzir a chuva.

Mesmo que haja sucesso não existe a garantia de que a chuva vai cair onde é necessária. Estima-se que o processo seja dispendioso, cerca de 1,5 milhões, por um alívio temporário, caso tenha sucesso. As fontes de emissão de poluição vão continuar a bombardear o céu com fumo.

Foi ainda destacado o projeto piloto do uso de um drone para espalhar água nos principais locais com emissões de poluição. Cada drone consegue carregar 15 litros de água para fazer spray para anular o pó fino do ar. Mais uma vez, este processo é visto como remendos do problema e não uma solução definitiva.

Nuvem de fumo cobrem Deli, na Índia
Nuvem de fumo cobrem Deli, na Índia Fonte: NASA

O plano de resposta inclui medidas de emergência como a paragem de atividades de construção e demolição, banir a entrada de camiões em Deli e fechar as escolas para reduzir emissões. Ainda assim, o smog é referido como persistente durante todo o inverno.

Estão a ser utilizados drones para monitorizar os locais de emissões, em adição aos que estão a espalhar água. A vantagem dos drones é conseguir chegar a locais onde é difícil de monitorizar manualmente, tais como regiões industriais ou zonas urbanas.

O Instituto da Índia para a Meteorologia Tropical utiliza o SAFAR, uma tecnologia que oferece previsões de três dias, combinado com modelos computacionais e machine learning. Os especialistas esperam que se possam estender a capacidade de previsão para 10 dias para que haja mais tempo para implementar as medidas de combate à poluição do ar.

A monitorização por satélite é apontada como eficaz para seguir as emissões de metano dos edifícios industriais e dessa forma identificar os super-emissores. E no solo, ter sensores remotos que analisem os tubos de escape dos veículos para identificar aqueles que precisam de reparações ou que sejam mesmo reciclados.