À medida que o lixo espacial se torna um problema cada vez maior, são vários os projetos e as iniciativas que tentam encontrar uma solução. E porque não foguetões que se consomem a si próprios? Esta é a proposta avançada por uma equipa de investigadores da Universidade de Glasgow.

De acordo com os cientistas, que apresentaram a sua proposta na mais recente edição do evento SciTech Forum, do Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica, este design usa o calor gerado pela combustão para derreter a fuselagem de plástico, neste caso polietileno de alta densidade, utilizando-a como um dos combustíveis.

Segundo os investigadores, à medida que o foguetão entra em órbita, a fuselagem plástica derrete, alimentando a câmara de combustão do motor e queimando em conjunto com propano líquido e oxigénio em estado gasoso, que se afirmam como os combustíveis principais.

Veja o vídeo do mais recente teste ao Ouroboros-3

A equipa acredita que esta opção acaba por ser mais vantajosa não só por permitir que o foguetão se consuma a si próprio, reduzindo a quantidade de lixo espacial que há em órbita da Terra, mas também porque acaba por dar ao veículo mais espaço para transportar cargas, uma vez que não precisa de levar tanto combustível para a viagem.

Os investigadores têm vindo a testar o design do desde 2018 e, num dos mais recentes, realizado em julho do ano passado, conseguiram verificar que a estrutura exterior consegue suportar combustíveis líquidos mais “energéticos” e que o processo pode ser controlado de diferentes formas.

Em declarações ao website Gizmodo, Patrick Harkness, investigador que liderou o processo de desenvolvimento do Ouroborous-3, afirma que a equipa pretende agora fazer um conjunto de melhorias ao sistema, assim como aumentar a escala do projeto, no entanto, sem ir muito além da categoria de veículos concebidos para transportar nanosatélites para o Espaço.

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A par de foguetões que se consomem a si próprios, recorde-se que, ainda no final do ano passado, investigadores da Universidade de Coimbra receberam uma bolsa de 90 mil euros da Agência Espacial Europeia (ESA) para desenvolver um equipamento "low cost" que seja capaz de identificar e caracterizar lixo espacial.