Europa, a lua de Júpiter coberta de gelo, gera 1.000 toneladas de oxigénio a cada 24 horas, o suficiente para manter um milhão de humanos a respirar durante um dia, valores considerados inferiores ao esperado, aponta um estudo.
Cientistas da missão Juno da NASA (agência espacial norte-americana) calcularam que esta taxa de oxigénio é substancialmente inferior à estimada pela maioria dos estudos anteriores.
Publicadas esta segunda-feira na Nature Astronomy, as descobertas foram obtidas através da medição da liberação de hidrogénio da superfície gelada da Lua, utilizando dados recolhidos pelo instrumento Jovian Auroral Distributions Experiment (JADE).
Os autores do artigo estimam que a quantidade de oxigénio produzida gira em torno de 12 quilos por segundo. As estimativas anteriores variam de alguns quilos a mais de 1.000 quilos por segundo, noticiou a agência Europa Press.
Os cientistas acreditam que parte do oxigénio produzido desta forma poderia chegar ao oceano subterrâneo da lua como uma possível fonte de energia metabólica.
Com um diâmetro equatorial de 3.100 quilómetros, Europa é a quarta maior das 95 luas conhecidas de Júpiter e o menor dos quatro satélites da Galileia.
Os cientistas acreditam que um vasto oceano interno de água salgada está escondido sob a sua crosta gelada e estão curiosos sobre a possibilidade de existirem condições de sustentação da vida abaixo da superfície.
Não é apenas a água que atrai a atenção dos astrobiólogos: a localização da lua jupiteriana também desempenha um papel importante nas possibilidades biológicas.
A órbita de Europa coloca-a bem no meio dos cinturões de radiação do gigante gasoso. Partículas carregadas ou ionizadas de Júpiter bombardeiam a superfície gelada, dividindo as moléculas de água em duas para gerar oxigénio que poderia atingir o oceano lunar.
"A Europa é como uma bola de gelo a perder lentamente a sua água num fluxo. Exceto que, neste caso, o fluxo é um fluido de partículas ionizadas varrido ao redor de Júpiter pelo seu extraordinário campo magnético", realçou, em comunicado, o cientista do JADE Jamey Szalay, da Universidade de Princeton, em Nova Jersey, Estados Unidos.
"Quando estas partículas ionizadas atingem Europa, quebram a água gelada molécula por molécula na superfície para produzir hidrogénio e oxigénio. Num certo sentido, toda a camada de gelo é continuamente erodida por ondas de partículas carregadas que a atingem”, acrescentou.
Enquanto Juno voava a 354 quilómetros de Europa em 29 de setembro de 2022, o JADE identificou e mediu iões de hidrogénio e oxigénio que tinham sido criados pelo bombardeamento de partículas carregadas e depois “captados” pelo campo magnético de Júpiter à medida que este passava pela Lua.
"Quando a missão Galileo da NASA passou por Europa, abriu-nos os olhos para a interação complexa e dinâmica que Europa tem com o seu ambiente. Juno forneceu uma nova capacidade para medir diretamente a composição de partículas carregadas libertadas da atmosfera de Europa, e estávamos ansiosos por tomar uma visão além da cortina deste emocionante mundo aquático", destacou Szalay.
"Mas o que não percebíamos é que as observações de Juno nos dariam uma restrição tão forte à quantidade de oxigénio produzido na superfície gelada de Europa”, vincou.
A produção de oxigénio é uma das muitas facetas que a missão Europa Clipper da NASA investigará quando chegar a Júpiter em 2030.
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