O ex-astronauta da NASA Walter Cunningham, que pilotou o módulo lunar Apollo 7, primeiro voo tripulado do Programa Apollo da agência norte-americana, morreu em Houston (Texas) na madrugada de terça-feira, aos 90 anos.

“Na Apollo 7, o primeiro lançamento tripulado da missão Apollo, Walter Cunningham e os seus companheiros fizeram história, abrindo caminho para a Geração Artemis que vemos hoje”, explicou o diretor da NASA, Bill Nelson, em comunicado.

A 11 de outubro de 1968, Walter Cunningham pilotou o voo de 11 dias da Apollo 7, o primeiro teste tripulado do projeto espacial Apollo. Com Walter M. Schirra, Jr. e Donn F. Eisele, testou as manobras necessárias para o acoplamento da órbita lunar.

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A tripulação completou com sucesso oito testes, incluindo a utilização do módulo de comando e serviço, segundo a NASA, e fez a primeira transmissão americana ao vivo do espaço. O lançamento foi realizado a 11 de outubro de 1968 e o módulo regressou à Terra a 22 de outubro de 1968, caindo no Oceano Atlântico.

Walter Cunningham foi selecionado para o programa espacial da NASA em 1963 e antes de participar na missão Apollo 7, o astronauta foi um dos pilotos de backup para o módulo lunar da Apollo 1 e fazia parte da equipa principal da apollo 2, que foi cancelada. 

Na NASA, Walter Cunningham dirigiu a filial Skylab do Flight Crew Directorate e aposentou-se da agência espacial em 1971, onde continuaria a dirigir várias atribuições técnicas e financeiras.

O sonho de chegar à Lua

A história do ambicioso sonho norte-americano começou a tomar forma a 25 de maio de 1961, quando John F. Kennedy anunciou, perante uma sessão especial do Congresso, a intenção de enviar astronautas à Lua e fazê-los regressar em segurança à Terra antes do final da década de 1960.

A estratégia norte-americana para a exploração espacial já estava, assumidamente, em curso desde abril de 1959, quando foi apresentado o projeto Mercury, de voo tripulado. Mas tal objetivo só foi cumprido passados dois anos, a 5 de maio de 1961, e não antes da antiga União Soviética fazer de Yuri Gagarin o primeiro humano a orbitar a Terra.

Ainda antes das Apollo, o programa Gemini contribuiu para apurar e testar diferentes aspectos a que seria necessário dar resposta numa viagem do género, como a capacidade dos astronautas fazerem voos de longa duração ou da nave acoplar em órbita em redor da Terra ou da Lua.

Já o conjunto de missões que concretizaram o desígnio não começou da melhor forma: a primeira de todas, a Apollo 1, resultou numa tragédia, com a morte dos três tripulantes durante uma simulação na plataforma de lançamento, quando a cápsula onde permaneciam se incendiou, a 27 de janeiro de 1967.

Pela positiva, no caminho norte-americano até à Lua, destaque para a missão Apollo 7, a primeira a voar, a 11 de outubro de 1962, a Apollo 8, a primeira com tripulação num voo a orbitar a Terra, lançada em dezembro de 1968, e a Apollo 9, que serviu para testar várias manobras com o módulo lunar.

Estes foram alguns dos pequenos passos dados pela NASA para que pudesse acontecer o grande passo para a humanidade com a chegada da Apollo 11 na noite de 20 de julho (madrugada de 21 de julho em Portugal Continental) de 1969, ao Mar da Tranquilidade, região quase plana e escura onde o módulo Eagle alunou, depois de se ter distanciado da zona inicialmente prevista. A bordo seguiam Neil Armstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins.

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Depois da Apollo 11, a Lua foi visitada por mais seis missões, com a última, a Apollo 17, a partir a 7 de dezembro de 1972. O interesse científico acabou por perder fôlego nos anos seguintes, até surgiu uma nova corrida ao Espaço, desta vez marcada pela entrada em cena de empresas privadas como a SpaceX e de ideias de investimento que passam, por exemplo, pelo turismo espacial e pela exploração de Marte.

A missão Artémis está em curso e a primeira fase já foi completada com sucesso, o que dá indicações positivas para cumprir o calendário definido pela NASA para voltar a colocar homens na Lua, e a primeira mulher a chegar ao satélite natural da Terra.