Qual é a melhor maneira de escolher nomes para mais de 110 de exoplanetas e estrelas? Abrir a votação ao público é certamente a mais democrática e essa foi a opção a da União Astronómica Internacional (IAU na designação internacional), que este ano assinala o seu 100º aniversário. Esta é a segunda vez que uma iniciativa do género é desenvolvida a nível global.
Mais de 780 mil pessoas, de mais de 110 países, participaram na iniciativa IAU100 NameExoWorlds e os nomes de cada exoplaneta e a respetiva estrela hospedeira foram hoje divulgados.
Em vez de números, o projeto IAU100 NameExoWorlds pedia nomes significativos, criativos e únicos para os sistemas planetários atribuídos aos vários países. No total, foram propostos 360 000 nomes recebidos em mais de 110 países. O Comité Nacional de cada país reduziu estas propostas a uma lista final de candidatos nacionais, a qual foi depois posta à votação do público, tendo 420 000 pessoas votado nos seus candidatos preferidos.
A União Astronómica Internacional destaca que este projeto terá um impacto duradouro, já que os nomes vencedores serão usados em paralelo com a nomenclatura científica existente, sendo dado crédito às respetivas pessoas, grupos ou instituições que sugeriram os nomes.
Lusitânia e Viriato, agora no céu
Em Portugal a campanha foi organizada pelo Núcleo Interativo de Astronomia (NUCLIO), sob a chancela da Sociedade Portuguesa de Astronomia (SPA) e a ideia era que os nomes propostos tivessem inspiração em nomes, mitos ou conceitos ligados à cultura portuguesa.
O sistema planetário escolhido para Portugal pela IAU foi HD 45652, situado na constelação do Unicórnio, a uma distância de 117 anos-luz da Terra. O exoplaneta deste sistema foi descoberto em 2008 por uma equipa de astrónomos europeus liderada pelo português Nuno Santos, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.
A primeira fase da iniciativa decorreu durante o mês de outubro e recebeu mais de 50 propostas de escolas, universidades, clubes de astronomia e agremiações culturais, sendo as oito melhores colocadas a votação.
No total foram feitos mais de 5.000 votos e o par de nomes escolhido foi Lusitânia e Viriato, uma homenagem ao antigo nome da região ocidental da Península Ibérica onde hoje está boa parte do território de Portugal e ao mais notável líder dos povos lusitanos.
Os nomes vencedores foram propostos por mais de uma agremiação, com a Escola Secundária Carlos Amarante, de Braga, a Escola EBI Gualdim Pais, de Pombal, e o Agrupamento de Escolas do Castelo da Maia a serem os "padrinhos" portugueses nesta iniciativa.
A nível internacional há também referências notáveis, como Bran e Tuiren, os nomes de cães mitológicos da lenda irlandesa do Nascimento de Bran, que vão agora nomear o planeta HAT-P-36b (Bran) em órbita da estrela HAT-P-36 (Tuiren) na constelação dos Cães de Caça.
Na Jordânia foram escolhidos os nomes de antigas cidades e áreas protegidas do sul, Wadirum e Petra, para o exoplaneta WASP-80b, e a estrela WASP-80, na constelação da Águia.
Mas há também nomes de pedras preciosas escolhidos na Malásia e rios importantes em Burkina Faso, que agora vão ser para sempre associados a exoplanetas.
Muito espaço para descobrir. E para dar nomes
“Observações astronómicas durante a última geração levaram já à descoberta de mais de 4000 exoplanetas em órbita de outras estrelas que não o Sol — os chamados exoplanetas. O número de descobertas continua a duplicar a cada dois anos e meio, revelando uma população notável de novos planetas e colocando a própria Terra e o Sistema Solar em perspetiva. Estatisticamente, a maioria das estrelas no céu têm muito provavelmente planetas em sua órbita,” explica Eric Mamajek, co-presidente do Comité de Direção do NameExoWorlds.
Apesar dos astrónomos catalogarem as suas novas descobertas usando designações do tipo de números de telefone, tem vindo a notar-se um interesse crescente, tanto entre os astrónomos como entre o público, para se atribuírem igualmente nomes “a sério”, tal como é feito para os corpos do Sistema Solar, explica o cientista.
A União Astronómica Internacional (IAU na sigla internacional) é a autoridade responsável por atribuir nomes e designações oficiais a corpos celestes, e por isso as celebrações IAU100 em 2019 foram usadas como ocasião especial para dar a cada país a oportunidade de nomear um sistema planetário, composto por um exoplaneta e a sua estrela hospedeira.
O gestor de projeto do IAU100 NameExoWorlds, Eduardo Monfardini Penteado, disse que “a campanha IAU100 NameExoWorlds deu ao público a oportunidade única de ajudar a escolher o nome de mais de 100 novos mundos e respetivas estrelas, colaborando com a IAU num tema de nomes que poderá ser usado para nomear futuras descobertas nesses sistemas.”
As estrelas escolhidas para cada país são visíveis a partir desse território, sendo suficientemente brilhantes para poderem ser observadas através de pequenos telescópios. Para Portugal, o sistema planetário escolhido pela IAU foi HD 45652, situado na constelação do Unicórnio, a uma distância de 117 anos-luz da Terra, descoberto em 2008 por uma equipa de astrónomos europeus liderada pelo português Nuno Santos, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, que está envolvido na missão da ESA que hoje deverá lançar para o espaço um satélite para descobrir mais mistérios dos exoplanetas, o Cheops.
A União Astronómica Internacional explica que os exoplanetas com nomes novos são normalmente gigantes gasosos e foram todos descobertos através de um de dois métodos de procura de exoplanetas: o método do trânsito — onde os planetas são observados a passar em frente das suas estrelas, bloqueando por isso parte da radiação estelar; e o método das velocidades radiais — onde medições cuidadas feitas nos espectros das estrelas revelam um ligeiro movimento de oscilação que tem origem na influência gravitacional dos planetas que as orbitam.
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