Depois de 20 anos a captar imagens fantásticas do planeta durante as suas inúmeras órbitas à Terra, o satélite Landsat 7 ficou sem combustível e transformou-se em mais um elemento de “lixo espacial” à volta do planeta. Este é um exemplo de como os satélites têm os seus dias contados desde que partem para as suas missões espaciais, uma vez que não existe forma de os reparar, em caso de avaria, ou reabastecê-los quando ficam sem combustível.
É nesse sentido que estão a ser criadas soluções para prolongar a vida dos satélites, ao mesmo tempo que podem contribuir para menos lançamentos e uma poupança de custos e recursos. A NASA está a estudar a solução de enviar robots para o espaço capazes de fazer a manutenção dos satélites. E o teste será mesmo feito ao Landsat 7 (missão Restore-L prevista para 2020, mas que tem sido adiada). O robot vai utilizar um braço mecânico para agarrar o satélite e reabastecê-lo em plena órbita.
A NASA já fala nesse projeto há quase duas décadas, quando em 2007 fez uma demonstração de transferência de combustível em naves em órbita. E depois foram feitas experiências a bordo da Estação Espacial Internacional em 2013, numa demonstração de transferência de fluído. A experiência foi feita em satélites que não tinham sido desenhados para receberem manutenção. Estava assim prometida uma exploração espacial mais verde e sustentável.
Previsto agora para depois de 2025, a NASA planeia lançar a ambiciosa missão OSAM-1 (On-Orbit Servicing, Assembly and Manufacturing 1), um robot capaz de executar tarefas complexas: reabastecer o combustível de um satélite existente, assim como demonstrar que este é capaz de construir novas estruturas no espaço. O robot está equipado com ferramentas, tecnologias e técnicas necessárias para prolongar a vida dos satélites, mesmo aqueles que não foram desenhados para receber manutenção no espaço, disse a NASA.
Veja na galeria imagens do projeto da NASA
A missão consiste em encontrar um dos satélites governamentais, agarrá-lo, reabastecê-lo e relocá-lo de volta ao trabalho. Este vai oferecer às operadoras de satélites novas formas de gerir as suas frotas de forma mais eficiente, retirando mais valor do seu investimento inicial. Mas é sobretudo a mitigação e redução do lixo espacial que que o robot poderá ser útil. O OSAM-1 está a ser transferido pela NASA para outras entidades comerciais para ajudar no início de um novo serviço da indústria espacial, como foi o caso da Northrop Grumman.
O OSAM-1 vai incluir um módulo chamado SPIDER (Space Infrastructure Desterous Robot), equipado com um braço robótico com 5 metros, que vai ajudar os outros dois braços do OSAM-1 nas suas tarefas. O SPIDER vai montar sete elementos para formar uma antena de comunicações com três metros, que depois irá transmitir para uma base na Terra. Esse teste servirá também para demonstrar as capacidades do robot a construir estruturas em órbita.
Se tudo correr como planeado, o SPIDER vai permitir novas arquiteturas e capacidades nas missões espaciais; a possibilidade de construção no espaço de antenas e telescópios; eliminar limites de volumes impostos pelos foguetões; substituir algumas atividades e tarefas dos astronautas com robots precisos; potenciar missões mais longas dos equipamentos, com manutenção planeada, ou não dos mesmos.
Existem alguns desafios apontados, começando pelos satélites que nunca foram desenhados para receberem manutenção. Isso significa que não existem pontos fixos planeados nos satélites para o braço do robot agarrar, sendo as antenas ou painéis solares demasiado frágeis para agarrar. Outro problema diz respeito à latência entre o robot no espaço e a Terra, separado por 35 mil quilómetros de distância. Essa latência obriga a depositar as tarefas mais cruciais no próprio robot.
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