Como se diz na gíria informática, o Rover Curiosity “bugou” e deixou de responder às suas rotinas, tendo mesmo “congelado” como medida preventiva. Não se trata de um problema físico ou mecânico, mas sim de software, naquilo que os técnicos chamam de “perda de atitude”. Ou seja, o Rover deixou de ter noção dos membros do seu corpo e a orientação do que o rodeia.

O Curiosity guarda na sua memória as funcionalidades de cada junta do seu corpo, reconhecendo dessa forma que instrumento tem na extremidade do braço e a sua orientação. Na memória guarda também a noção do que se passa ao seu redor, para dessa forma ultrapassar pequenos obstáculos ou rochas, assim como previnir que aponte a câmara diretamente para o Sol. É através dessa “consciência” que o Rover evita bater com os seus braços nos pedregulhos, por exemplo. O Curiosity avalia todas essas informações antes de ativar qualquer motor dos seus membros, para evitar perigos que possam danificá-lo.

Como é explicado no blog da NASA para o Programa de Exploração de Marte, as ações de segurança requerem um conhecimento apurado da posição do Rover relativo ao ambiente, sendo essenciais para uma boa prática de engenharia. E isso manteve o Curiosity seguro durante os anos que está a explorar o planeta vermelho.

tek curiosity

Nesse sentido, nas suas últimas atividades, o Rover perdeu essa orientação. Os cientistas concluíram que alguma da sua atitude não está correta e por isso não consegue fazer uma avaliação de segurança das suas rotinas. Como medida de “emergência”, o robot parou e “congelou” no seu lugar até que essa atitude possa ser restaurada. Como o Curiosity continua em contacto com a equipa, os técnicos podem perceber o que se passa e procurar soluções para o recuperar e evitar problemas semelhantes no futuro.

O Curiosity já circula em Marte há mais de 7 anos, tendo superado com grande margem os dois anos da missão para o qual foi concebido. À data de agosto do ano passado, o robot Curiosity já tinha percorrido 21 quilómetros ao longo da cratera marciana Gale, escalando 358 metros do monte Sharp, dando a conhecer ao mundo paisagens nunca antes vistas aos olhos terrestres, à semelhança do pôr-do-sol de cor azul no planeta.