Costuma dizer-se que a criatividade humana não tem limites, uma máxima que pode ser aplicada a diferentes áreas e fins, dos mais nobres aos mais mesquinhos. O caso deste americano de 39 anos, que acaba de conhecer a sentença dos tribunais para os crimes de burla e roubo de identidade agravado, é um exemplo disso.
Jesse Kipf do Kentucky, nos Estados Unidos, juntou criatividade e conhecimentos de informática para entrar sem autorização nas bases de dados de serviços públicos norte-americanos e fazer alterações ao seu próprio perfil, para passar a estar registado como falecido.
Em tribunal, o homem acabou por confessar que em janeiro do ano passado hackeou a base de dados dos serviços de registo de óbitos das autoridades do Havai, para criar um registo da sua própria morte. Também admitiu que o esquema teve como objetivo fugir às despesas elevadas das suas obrigações parentais. A justiça acaba de condená-lo a 81 meses de prisão, quase sete anos.
Para ser bem-sucedido no registo precisou de um certificado de óbito, que forjou usando a assinatura digital de um médico, à qual também conseguiu aceder sem permissão, somando por isso à sentença agora definida a pena por roubo de identidade.
Com o registo da morte bem-sucedido, a informação acabou por ser replicada em várias outras bases de dados dos Estados Unidos, onde o homem começou efetivamente a aparecer como morto, até ser apanhado, como relata a BBC.
O caso foi agravado pelo facto de Jesse Kipf ter entrado ilegalmente noutras bases de dados de óbitos dos Estados Unidos, com dados roubados a médicos ou a trabalhadores dos serviços e ter usado informação aí disponível para obter vantagens financeiras junto de terceiros.
Durante o julgamento ficou provado que o homem vendeu números de segurança social e outros dados pessoais obtidos nestes acessos na Dark Web, a compradores em diferentes países, entre os quais a Algéria, Rússia ou Ucrânia.
Entre danos ao Estado e obrigações parentais não pagas, Jesse Kipf vai para a prisão com uma dívida próxima dos 197 mil dólares, dos quais cerca de 100 mil dólares em obrigações parentais não satisfeitas, e a certeza de que terá de cumprir pelo menos 85% da pena em regime fechado.
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