O Fórum Tecnológico de Lisboa encheu ontem completamente os seus cerca de 250 lugares com administradores de quadros de empresas nacionais e da Administração Pública, estudantes e simples entusiastas do software open souce interessados em participarem na conferência "Uma Solução Empresarial para o Mercado Português" organizada pela Associação para o Desenvolvimento das Telecomunicações e Técnicas de Informática (ADETTI), centro de investigação associado ao Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em parceria com a Sybase, produtora de software de bases de dados.

A conferência visou esclarecer o mercado empresarial português das vantagens e desafios que o sistema operativo open source Linux acarreta para uma infra-estrutura de servidores. O principal destaque do programa foi para a apresentação da nova "aventura" do Projecto Caixa Mágica, uma versão do Linux concebida para servidores empresariais, sucedendo assim à edição original para estações de trabalho e PCs desktop. Mas o evento também serviu para divulgar os planos a curto prazo desta iniciativa.

Do programa, fizeram também parte uma série de exemplos de casos de
organizações e entidades nacionais que migraram com êxito de sistemas
proprietários para o Linux - como o Exército e a empresa alemã de material mecânico Wurth - ou que disponibilizam serviços e software para utilizadores empresariais - como a Eurotux e a Logicentro.

Um dos factores que tem contribuído em muito para o aumento do número de empresas que estão a adoptar o Linux para o back-office é a actual conjuntura económica internacional negativa. A nível nacional, aliás, o período de restrições orçamentais pelo qual o país está a passar tem contribuído, de acordo com Paulo Trezentos, investigador da ADETTI, para uma abertura e um maior interesse por sistemas com custos mais reduzidos.

Mas nem tudo é ainda perfeito no mundo do pinguim. Segundo o investigador, apesar do Linux ser mais barato e oferecer uma maior produtividade do que a solução da Microsoft que se baseia na dependência do cliente num único fornecedor tecnológico e que acarreta custos acrescidos, permanecem ainda alguns riscos na sua adopção, como a relativa falta de suporte de hardware e software, o facto de requerer recursos humanos mais qualificados e de implicar a concepção de um plano de migração.

Em seguida, Paulo Trezentos explicou que as principais apostas do Projecto Caixa Mágica residem actualmente na distribuição e desenvolvimento do software e na formação em Linux. Deste modo, as componentes de consultoria, integração e suporte passarão a ser da responsabilidade de outras companhias, mediante a criação de uma rede de integradores regionais e locais.

Para além da versão 8.0 do Linux Caixa Mágica estação de trabalho e da versão 8.1 da edição servidor - cuja release beta 2 foi oferecida no final do evento aos participantes mas que só deverá estar concluída no final do mês, o grupo de investigadores da ADETTI pretende ainda lançar em Maio uma edição para PMEs da versão 8.1, com um custo inferior a 100 euros e que irá incluir software - entre o qual, uma aplicação de configuração de serviços - e suporte técnico, e uma solução de hardware e software chamada Pro Look Appliance com um preço indicativo de venda de 1300 euros. Em desenvolvimento está também uma appliance firewall.

Daniel Neves, outro investigador da ADETTI, adiantou algumas das
características da versão servidor do Linux Caixa Mágica, uma distribuição empresarial concebida de propósito para o mercado português que integra software como o gestor de janelas Xfree86 4.2, o ambiente gráfico KDE 3.0.3, incorpora o Kernel 2.4.20, suporta periféricos USB, assim como discos e controladores SCSI.

Fiabilidade, robustez, segurança, elevada disponibilidade foram alguns dos adjectivos empregues por Daniel Neves para caracterizar esta edição que, acrescenta, "oferece um baixo custo da solução total". Complementado a oferta do projecto a nível do software, esta iniciativa tem vindo a disponibilizar cursos de formação em Linux, desde o nível básico ao profissional.

O SQL Anywhere Studio foi um dos principais pontos de destaque da apresentação de Rui Ribeiro, responsável pela área de serviços da Sybase. Trata-se de uma base de dados para computação móvel concebida para Linux que, de acordo com aquele responsável, "possui uma grande robustez, oferece compatibilidade entre binários e permite a sincronização de dados com a empresa, independentemente de dispositivo e plataforma. Rui Ribeiro mencionou ainda as soluções servidor Linux de alto desempenho comercializadas pela companhia, como o Adaptive Enterprise Server 12.5, o Replication Server e o Enterprise Application Server 4.2.

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