A segunda parte do estudo sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação realizado com apoio do Programa Nónio, do Departamento de Avaliação, Prospectiva e Planeamento do Ministério da Educação foi hoje divulgado. A análise foi feita sobre as respostas de mais de 59 mil alunos e pretende aumentar o conhecimento da realidade de uso destas ferramentas nas escolas.



Coordenado igualmente por Jacinta Paiva, esta fase do estudo foi aplicada sobre as mesmas escolas em que no ano passado haviam sido inquiridos os professores também sobre a utilização de ferramentas de Tecnologias da Informação. E também com uma taxa de resposta muito elevada, que correspondeu a 70% da amostra pretendida, o inquérito abrangeu alunos do 4º, 6º, 8º, 9º e 11º anos.



Entre as principais conclusões obtidas nota-se uma grande apetência para o uso de ferramentas informáticas, com 92 por cento dos inquiridos a responderem que gostam ou gostavam muito de trabalhar com computadores. Ao mesmo tempo os resultados do inquérito, que são declarados pelos alunos e não verificados, apontam para que 64% das famílias dos alunos possuem computador em casa e 36% têm acesso à Internet. Porém, só 60% dos alunos afirmou usar o computador em casa, na maior parte das vezes para escrever texto (46%), para jogar (43%) e fazer pesquisas na Internet (19%).



Em termos de utilização nas escolas, 88 por cento dos alunos declararam que pensam que o Pc deveria ser mais usado nas aulas, sendo que a frequência de utilização do computador em contexto educativo é de uma vez por semana para 14% dos inquiridos, e menos de uma vez por mês para 8%. Curiosamente é no 4º ano de escolaridade que a utilização dos computadores mais se traduz nas áreas disciplinares, uma informação que complementa os dados recolhidos no anterior estudo que apontavam já para uma fraca utilização das ferramentas informáticas no contexto curricular.



Ida Brandão, coordenadora do programa Nónio Século XXI, salientou que este estudo agora realizado complementa dados anteriormente recolhidos sobre o equipamento das escolas em termos de ferramentas informáticas, oferecendo informação sobre a forma de utilização dos computadores e outros materiais. De acordo com esta responsável, também em termos internacionais se estão a ultrapassar as preocupações de obter meros indicadores físicos e as inquirições assentam agora mais no modo como são usados os computadores e nos impactos desta utilização na aprendizagem.



A coordenadora do estudo, Jacinta Paiva, destacou também que estes dados agora recolhidos precisam ainda de uma avaliação sociológica mais profunda, que vá para além da abordagem numérica das respostas e das conclusões agora tiradas. Mas, "mais importante do que estes dados é saber o que fazer com eles. Nada vale se esta análise não tem eco na escola e na sociedade", defende.



Neste ponto o Ministro da Educação, David Justino, destacou a importância destas análises para a tomada de decisões, salientando que ainda este ano foram feitos investimentos no equipamento das escolas e na formação dos professores. Em declarações ao TeK o ministro afirmou que estes investimentos serão reforçados no próximo ano, a partir de Janeiro, de forma a garantir a preparação dos educadores para o reinicio do ano escolar de 2004/2005.



O TeK abordará durante os próximos dias algumas das conclusões deste estudo em artigos separados já que a riqueza da informação reunida nesta avaliação justifica o seu tratamento mais detalhado.

Notícias Relacionadas:

2002-10-01 - Professores são adeptos das Tecnologias mas usam pouco na sala de aula

2002-10-01 - Tecnologias da Informação na Escola precisam de salto qualitativo

2002-03-19 - Mais de 75 mil computadores instalados nas escolas portuguesas