Um grupo de pais de crianças norte-americanas está a processar a Apple com a acusação de que a fabricante da maçã dentada lucra injustamente ao possibilitar o acesso a conteúdos pagos em aplicações disponibilizadas gratuitamente para os mais novos.

O caso remonta há cerca de um ano atrás, mas conheceu agora novos desenvolvimentos, depois de a Apple ter pedido que o processo fosse arquivado - uma vez que a funcionalidade já pode ser desativada - e de o juiz encarregue do caso ter decido que o mesmo deve avançar.

Em causa está o facto de muitas das aplicações para crianças, disponíveis a partir da App Store, serem de download gratuito, mas depois remeterem para a compra de conteúdos extra (ou de novos níveis), com valores que podem chegar até às 70 libras (84,8 euros), refere um artigo da BBC News.

"Muitos jogos são, pelo seu próprio design, altamente viciantes e desenvolvidos estrategicamente para induzir a compra de extras", referiu Garen Meguerian, advogado que lidera o grupo de queixosos, quando a queixa foi apresentada formalmente, há um ano atrás.
"Por exemplo, o download do jogo Smurf's Village é gratuito, mas o objetivo é construir uma cidade virtual, num processo que pode ser visivelmente acelerado ao comprar Smurfberries, a moeda do jogo, que custa dinheiro verdadeiro", apontava-se na altura.

A plataforma da Apple necessita que os utilizadores deem os dados do seu cartão de crédito apenas uma vez, na primeira compra, sendo que a partir daí obriga somente à introdução de uma password para futuras compras.

Entretanto, numa atualização recente ao iOS, a fabricante decidiu reforçar o processo de compra de aplicações, passando a exigir uma password adicional para comprar extras associados às mesmas. Paralelamente, anunciou também que já é possível desativar a funcionalidade por completo.

As alterações não demoveram nem o juiz nem os queixosos, com os últimos a afirmarem que as crianças continuavam a ser encorajadas a comprar os itens adicionais, devido à "natureza viciante" dos jogos, e que os pais podem não estar completamente conscientes das implicações financeiras.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Patrícia Calé