Os ataques informáticos aos sistemas que controlam a extração e fornecimento de petróleo estão a tornar-se cada vez mais frequentes e melhor planeados, avisam os responsáveis das empresas do setor.

O alerta foi dado durante um congresso mundial de fornecedores de petróleo, o World Petroleum Congress, que decorreu durante a semana passada na capital do Qatar, juntando representantes de diversas gigantes da indústria petrolífera.

Os hackers estão a "bombardear os sistemas informáticos que controlam o setor energético e a levar a cabo espionagem industrial", o que representa uma "ameaça global" na medida em que podem vir a causar uma "interrupção no fornecimento de petróleo", escrevia esta manhã o repórter da Reuters em Doha.

"Se alguém entrar na área a partir da qual se controlam a abertura e fecho das válvulas, podem imaginar o que acontecerá", exemplificou o responsável pela área de TI da Shell na Europa.

Um cenário do género "custará vidas, produção [de petróleo] e dinheiro. Provocará incêndios e resultará em fugas de combustível e danos ambientais gravíssimos", defendeu Ludolf Luehmann, citado durante a sua intervenção no congresso.

Numa altura em que quase toda a produção e distribuição a nível mundial é controlada por sistemas informáticos, estes tornam-se um alvo apetecível a vários níveis. Incluindo para empresas rivais.

"Temos registado um aumento do número de ataques aos nossos sistemas e as motivações são várias", admitiu o responsável da Shell. "Assistimos a um número crescente de ataques com claros intuitos comerciais, dirigidos às áreas de pesquisa e desenvolvimento, para obter vantagens competitivas", afirmou Ludolf Luehmann, que mencionou o caso do worm Stuxnet - o primeiro malware especificamente desenvolvido para comprometer sistemas industriais.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Joana M. Fernandes