A Polícia Judiciária desencadeou, esta quinta-feira, buscas simultâneas a quatro residências e a uma empresa, sedeadas na área de Lisboa, tendo apreendido "dispositivos electrónicos, dados informáticos e software de cifra e encriptação, bem como outros elementos probatórios", refere num comunicado. A operação, denominada Ghostbuster, resultou ainda na constituição de dois arguidos.

A investigação foi desencadeada pelas notícias sobre as eventuais fragilidades de segurança das redes informáticas do Estado português, que teriam por base o relatório da Trusted Technologies, onde se fazia referência à obtenção e à posse de informação sensível de diversos organismos do Estado e empresas privadas, entre os quais o Ministério da Justiça.

Em Outubro, a empresa de segurança informática portuguesa apresentou um documento em que afirmou que informação sensível do Estado português foi roubada por uma rede de espionagem sediada na China. Esta rede chama-se GhostNet e já em Março tinha sido alvo de um trabalho de investigadores da Universidade de Toronto, no Canadá, que concluíram que era usada para espiar computadores de mais de 100 países, entre os quais Portugal.

A equipa de investigação da Trusted Technologies diz ter conseguido infiltrar-se na rede e aceder a documentos altamente sensíveis. Entre os documentos existentes na rede de espionagem estaria documentação técnica relacionada com a rede informática do processo eleitoral português, passwords e emails de funcionários do Ministério da Justiça e da Direcção-Geral de Registos e Notariado. Esta informação teria sido retirada de computadores de juízes ou funcionários.

No comunicado que enviou à imprensa, a Polícia Judiciária alerta para o facto de, à luz da legislação vigente, constituir crime "qualquer acto de pretenso ou eventual teste de segurança sem consentimento expresso dos titulares e proprietários dos sistemas e das redes informáticas visadas".

"Nestas circunstâncias, os chamados - na gíria da comunidade informática internacional,- "tiger teams" e "white hat hackers" não têm acolhimento legal, sendo, por isso, passíveis de perseguição penal", acrescenta.