A inteligência artificial é uma promessa de melhorias de eficiência e produtividade na vida das pessoas e empresas, mas qual é o custo desta tecnologia? A evolução e adoção da IA está a obrigar as empresas a escalarem os centros de dados para se dedicarem totalmente à inteligência artificial. Isso significa um aumento exponencial de consumo de energia, quase o triplo gasto com um centro de dados convencional.
Em entrevista ao BBC, Chris Sharp, CTO da Digital Reality, uma empresa dedicada à construção de centros de dados, destaca a energia necessária para operar o mais recente data center totalmente dedicado a inteligência artificial construído em Portland, em Oregão, nos Estados Unidos. “Um centro de dados normal necessita de 32 megawatts de energia a fluir no edifício. Para um dedicado a inteligência artificial são necessários 80 megawatts”, destaca.
A razão pelo consumo adicional é que os sistemas de IA fazem muito mais processamento de dados do que os computadores convencionais. E além da energia adicional, as máquinas dos centros de dados obrigam também a ter cinco vezes mais cabos interligados.
A escalada de energia dos centros de dados dedicados a IA está a colocar desafios às empresas, pois ao extrair a eletricidade das redes existentes, está a dividir a capacidade com os lares e outras empresas da área. Chris Sharp aponta que esta indústria tem de encontrar outras fontes de energia, prevendo que esta passará pela nuclear. Ou melhor, os centros de dados poderão ter os seus próprios reatores nucleares.
Estes reatores têm cerca de um terço da capacidade energética das redes tradicionais, conhecidos como Small Modular Reactor (SMR). Esta tecnologia é semelhante à utilizada em submarinos alimentados por energia nuclear e a China está a construir o primeiro para operações comerciais. As empresas estão a explorar esta fonte de energia para diferentes cenários, incluindo manter cidades com eletricidade, mas espera-se que os centros de dados de IA sejam a principal utilização.
Os submarinos dão um bom indicador da viabilidade e segurança na utilização dos reatores nucleares SMR. Ainda assim, os analistas afirmam que o seu custo elevado poderá ser a maior barreira de adoção. Por outro lado, os ambientalistas também colocam reticências pelo risco de incidentes e a necessidade de lidar com o lixo radioativo. Mas do lado da IA, a energia nuclear SMR é o único caminho válido para alimentar os centros de dados. As questões de energia foram mesmo identificadas por Sam Altman, o líder da OpenAI, há cerca de 10 anos, desde que se tornou CEO da empresa em 2015.
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