A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) pede "cautela e "ponderação" ao Governo na análise da opção por sistema de armazenamento de dados na nuvem. Entre as preocupações da entidade responsável pela proteção de dados está o potencial impacto de entregar informação confidencial e dos cidadãos nas mãos de entidades não públicas, detalha hoje o jornal i, que falou com a CNPD.



A adoção de soluções cloud para armazenamento de dados do Estado continua em análise pelo grupo de trabalho responsável pela racionalização dos custos do Estado com TIC, não havendo uma solução final sobre o assunto, garantiu ao jornal José Tribolet, do Instituto Superior Técnico, que integra o grupo.



A questão veio a público numa reação à divulgação, ontem pelo Diário de Notícias, de uma informação que dava conta da existência de um estudo que propõe ao Governo que as bases de dados da Administração Pública passem a estar centralizadas e fiquem à guarda de uma entidade privada, na nuvem. De acordo com a notícia do DN, incluir-se-iam neste leque arquivos de informações confidenciais e segredos de Estado.



A CNPD, que terá de ser ouvida no processo, por seu lado, acredita que a solução "levanta muitas dúvidas" e deixa um alerta: decisões que envolvem dados do Estado não podem ser unicamente sustentadas em "em critérios financeiros".



O organismo também faz notar que em alguns países europeus (como a Holanda) a opção pela cloud está interdita e sublinhou que a Agência Europeia para a Segurança da Informação também aponta fragilidades à opção.



Recorde-se que o Governo tem em marcha a execução de um plano que prevê poupanças anuais de 500 milhões de euros nas despesas do Estado. No âmbito do plano, cujos traços gerais já são conhecidos, estão a ser alinhadas várias medidas concretas de execução. O trabalho está a cargo do Grupo de Projeto para as Tecnologias de Informação e Comunicação (GPTIC).



Em declarações ao i, Tribolet acrescentou ainda que o Governo mantém vários cenários em estudo, garantindo que todos eles preveem tratamos diferenciados para diferentes tipos de informação do Estado.



O DN alega ter tido acesso ao estudo Estratégia para a Racionalização dos Centos de Dados da Administração Pública, documento que terá chegado ao conhecimento dos responsáveis pelos serviços de informações e segurança nacional há cerca de duas semanas. O estudo prevê três cenários para reduzir custos e aponta o modelo cloud como mais apelativo.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira