Com 11 anos de atividade, a empresa portuguesa Codevision está a preparar uma nova fase na internacionalização da sua plataforma de gestão escolar. Em Portugal a empresa tem a plataforma eSchooling implementada em mais de 300 instituições de ensino, públicas e privadas. “Trabalhamos maioritariamente com instituições privadas de ensino. A nossa aplicação cobre todas as áreas das instituições de ensino. Da área pedagógica à administrativa passando pela financeira, de forma integrada”, refere Marco Coelho, CEO da Codevision.

No que se refere à interação escola/casa, “esta plataforma permite que os pais possam interagir de forma digital com a escola, tratando de todos os processos por esta via, usando para isso a assinatura digital do Cartão de Cidadão, tanto do próprio como do aluno”, assim como “envolver não só aos pais, mas a própria família também”.

“Neste momento as famílias são muito diferentes do que eram há alguns anos e há alunos com oito avós, por exemplo, e com esta plataforma as escolas têm a possibilidade de permitir o acesso, desde que devidamente autorizado, a vários familiares dos alunos”.

Ainda no que se refere aos acessos à plataforma eSchooling por parte dos familiares dos alunos este pode ser feito em mais do que um idioma, mesmo em Portugal. Como a empresa trabalha com instituições de ensino de vários países é possível aceder em inglês, francês e mesmo chinês.

Para além do módulo Comunidade, que se destina aos pais e alunos, a plataforma tem mais dois módulos o de gestão de processos administrativos e financeiros das instituições, que é “core”, e o módulo Campus que permite a gestão da infraestrutura, desde o controlo dos acessos à eliminação da circulação de numerário, com o objetivo de aumentar a segurança nestes espaços.

“A plataforma não é estanque as escolas podem escolher os módulos que lhes interessam, embora haja um base padrão porque nem a gestão financeira das escolas nem os programas e escolares são iguais, tanto no privado como no público”, adianta. Em termos administrativos “o objetivo é conseguir libertar funcionários para outras atividades”, uma vez que em muitos casos “esta plataforma vai substituir sete diferentes”. E para que as dificuldades nessa transição sejam minoradas a empresa “tem uma academia que vai às escolas dar formação para trabalhar com a plataforma”.

Atualmente a eSchooling é mais usada por escolas privadas até porque os estabelecimentos de ensino público têm menos autonomia na escolha destas soluções, dependendo as opções políticas do Ministério da Educação

A caminho do Médio Oriente

A internacionalização há muito que faz parte da realidade da Codevision, tendo os mercados de língua portuguesa sido o primeiro passo. “Estamos presentes no Brasil, em Angola, em Moçambique e na Guiné. Neste último caso trata-se de um projeto com o Banco Mundial em que gerimos toda a informação escolar do país. Desde a gestão dos alunos até à própria gestão dos edifícios. O financiamento do projeto é feito diretamente através do Banco Mundial”, explica Marco Coelho.

A fase atual de internacionalização está direcionada para o Médio Oriente. “Neste momento estamos com oportunidades em aberto no Médio Oriente (Emirados Árabes Unidos, Qatar e Arábia Saudita) onde os projetos são de elevada dimensão. São projetos na área privada, porque a tendência é migrar do ensino público para o privado, algo previsto na chamada agenda 2030 que quase todos os países da zona estão a desenvolver. Neste momento não se pode adiantar muito mais, mas no início de 2019 haverá novidades neste domínio”.

Aqui coloca-se a questão da adaptabilidade da plataforma, que foi criada em Portugal e que tem sido implementada em instituições portugueses ou de países em que o sistema de ensino não diverge muito do português. Mas também questões culturais. Marco Coelho refere que “os desafios em termos de conteúdos a ter na plataforma são enormes. No médio Oriente temos de ter muito cuidado em abordar temas como o corpo humano ou a saúde. A abordagem é mais sensível.  Para resolver estas questões temos parceiros locais que fazem uma filtragem, isto já depois de nós em Portugal fazemos uma primeira filtragem”.

Para consolidar esta estratégia de internacionalização a empresa apresentou a eSchooling no Web Summit. “A nossa presença no Web Summit tem como principal objetivo identificar parceiros noutras geografias que nos ajudem a tornar o próprio software mais local. É um software intuitivo, mas há áreas geográficas em que, dada a sua especificidade, é necessário ter parceiros locais.”