Depois de terem referido que tinha havido sonegação de informação, manipulação e coação de funcionários no relatório do IGFEJ, os responsáveis do mesmo instituto acabaram por dar o dito por não dito no inquérito-crime, afirmando todos que não houve sabotagem.

O mesmo Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça que levantou as suspeitas foi afinal o responsável pelo colapso que paralisou os tribunais durante 44 dias, segundo o Ministério Público (MP).

No despacho de arquivamento do processo ao qual o jornal Público teve acesso, o procurador Pedro Verdelho, do Gabinete do Cibercrime da PGR, salienta uma ideia que "ficou claramente vincada no decurso do inquérito", reforçando a "inexistência de crime de sabotagem: a da incapacidade do IGFEJ para conduzir, com eficácia, o processo de migração" informática dos 3,5 milhões de processos necessária ao novo mapa judiciário.

Citado no despacho do MP, o presidente do IGFEJ, Rui Pereira, que garantira à ministra que o sistema estaria a postos para a reforma judiciária, diz que "sabe agora que a migração não era viável nos moldes em que foi pensada" e que "era impossível de fazer nos prazos que foram fixados superiormente".

Já Carlos Brito, vogal do conselho diretivo do IGFEJ e responsável pela área de informática, admitiu ao MP que "os técnicos do IGFEJ talvez não estivessem preparados para todo este processo", que o Departamento de Arquitetura de Sistemas "não fazia a mínima ideia de como dirigir o processo" e que "haveria mesmo algum desconhecimento do sistema".

Citados pelo Jornal de Negócios, os responsáveis pelo IGFEJ dizem saber agora que a migração em massa dos processos era impossível e que o sistema é "muito deficiente".

"A arquitetura do Citius é muito deficiente e aquilo que ocorreu pode muito bem voltar a acontecer e com circunstâncias muito mais graves", declarou Carlos Brito.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico