A utilização da Inteligência Artificial é um dos temas chave do Portugal Digital Summit 2023 e o painel que juntou as três empresas, de sectores diferentes, mostra a importância de começar a definir casos de aplicação, experimentar modelos de negócio e avançar com dados já trabalhados, para melhores resultados.

Nuno Moura Pinheiro, Head of Data of Analytics da DXC Technology, admite que a empresa está a trabalhar nesta área há vários anos, aplicando modelos de aprendizagem automática e IA generativa, mas que ainda é “apenas a ponta do icebergue”. “Não basta ter o melhor modelo do mundo se os meus dados não estiverem preparados para serem consumidos”, avisa o gestor, que se tem preocupado em preparar os dados e os modelos de governação para garantir que estão de acordo com as expectativas dos clientes.

E a consciência da importância dos dados já é grande entre as empresas, que têm plena noção de que estes são o ingrediente central para que os resultados sejam de maior qualidade. “Os clientes estão preocupados com limpar dados, normalizar e ter a uma boa governação […] querem arrumar a casa e só depois avançar com os modelos”, defende.

Do lado da Defined.AI a preocupação com a esta organização, limpeza e curadoria dos dados está na base da estratégia da empresa, que adotou uma cultura de AI first, mas com foco no “smart data for ethical AI”, como explica Gustavo Miller, Head of Marketing da empresa.

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“O dado ser limpo, bem organizado e curado é o mais importante e isso é o grande desafio para a nossa empresa, porque os nossos concorrentes vendem os dados de forma mais barata porque fazem a recolha de uma forma mais simples”, afirma. Gustavo Miller fala também dos desafios de criar maior formação sobre a inteligência artificial e o seu potencial, mas também sobre os riscos, lembrando que é preciso regulamentação, mas que a tecnologia avança mais rápido do que a legislação que é trabalhada pelos reguladores e políticos.

No caso da MEO Empresas a utilização de chatbots e ferramentas de IA já faz parte do dia a dia em áreas como o serviço ao cliente. Paulo Rego, Director of Product and B2B Pre Sales at Altice Portugal, explicou durante o painel que a empresa se prepara para fazer evoluir o modelo para inteligência artificial generativa que possa ter conversas com os clientes em linguagem natural.

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A escolha dos dados a usar nestes modelos é também apontada como um elemento fundamental, de forma a dar mais qualidade e controle à informação que é partilhada com os clientes, e Paulo Rego admite que o tema da privacidade e gestão de dados está longe de estar fechado. “Temos de garantir que somos confiáveis digitalmente, temos de definir quem é o dono dos dados antes de definir o consentimento de acesso à informação”, avisa.

“Como estamos a colocar tanta fé nestes modelos, a ética e transparência são temas que não posso passar por cima, porque posso colocar em causa a estratégia da empresa”, afirmou Paulo Rego.

O executivo da MEO Empresas defende que este é um salto quântico para as empresas e uma forte disrupção do negócio. “As empresas não podem ficar de fora”, avisa, dizendo que mesmo que não tenham definido como vão usar têm de experimentar, mobilizar grupo de trabalho e desenhar operações, produtos e casos de utilização. “Alguns serão de retorno a 5, 6 anos, outros não terão retorno, mas isto é a competitividade futura, que fica em causa se não estou presente”.

O SAPO TEK vai acompanhar os dois dias do Portugal Digital Summit’23, a partir da Exponor. Pode ver todas as notícias aqui e assistir à transmissão em direto do evento.