Identificado como um retardador de chama bromado, o pó tóxico encontrado na superfície de monitores de computador e outros dispositivos informáticos e electrónicos pode causar desordens reprodutivas e neurológicas, revelam os resultados recentes de uma investigação conduzida por um grupo de organizações ambientais.



Os investigadores norte-americanos da Silicon Valley Toxics Coalition, Computer TakeBack Campaign e Clean Production Action recolheram amostras de pó de dúzias de computadores em espaços variados, desde universidades a museus, testando três tipos de retardadores de chama bromados suspeitos de serem prejudiciais.



A peça mais tóxica encontrada foi um ecrã plano, na Universidade de Nova Iorque, o que prova que os equipamentos mais recentes também não estão necessariamente limpos. Os retardadores de chama bromados, como o difenilo polibromado (PBD), começaram a ser usados pelas empresas de electrónica nos anos 70 e dois deles - o penta e o octa - deverão ser retirados do mercado norte-americano até ao final do ano, permanecendo legitima a utilização do polibromado, que os ambientalistas também desejam ver eliminado.



Prevendo que os resultados publicados constituam uma grande surpresa para todos aqueles que utilizam computadores, Ted Smith, director da Toxics Coalition acusa a indústria química de sujeitar a sociedade às consequências dos abusos químicos ao continuar a utilizar estas substâncias. "Continuam a usar os seus químicos de formas que afectam os humanos e outras espécies", afirmou, citado pela Associated Press.



A indústria tem vindo a reduzir ou eliminar alguns dos retardadores de chamas bromados desde finais dos anos 90, quando os países europeus começaram a proibir a venda de produtos que contenham os químicos.



Os PBDEs, que causaram danos de nível neurológico nos ratos de laboratório utilizados em vários estudos estão relacionados com um outro componente, o bifenilo policlorado (PCB), utilizado em extintores, luzes florescentes e isoladores líquidos desde os anos 20 e que foi proibido nos anos 70, mas cujas toxinas não são degradáveis e ainda persistem no ambiente.



A Agency for Toxic Substances and Disease Registry, unidade integrante do U.S. Department of Health and Human Services, e outras organizações já confirmaram que os PCBs causam danos cerebrais em fetos humanos, que ainda não estão especificados. Investigadores universitários estão a estudar a possível relação entre os retardadores de chama bromados e o autismo, mas os resultados estão ainda muito longe de serem conclusivos.



Notícias Relacionadas:

2004-03-08 - Nações Unidas apelam ao prolongamento do ciclo de vida dos PCs para proteger o ambiente

2002-10-11 - UE chega a acordo para recolha e tratamento de lixo electrónico nos Estados-membros