A Cray, fabricante de alguns dos supercomputadores mais rápidos do mundo, deverá anunciar hoje um acordo assinado com a Dell para revender computadores mais pequenos que possam ser ligados em clusters de processadores que resolvem problemas complexos, informou o New York Times.



A Dell espera que a procura por estes clusters informáticos - sistemas em que dezenas ou centenas de pequenas máquinas funcionam em simultâneo de forma a criar um computador com grandes capacidades de processamento, baseado na sua maioria em tecnologia proprietária - tenha origem sobretudo nas companhias de petróleo que efectuam explorações sísmicas ou em instituições académicas que estão interessadas no custo reduzido de um servidor padronizado.



Para a Cray, que é conhecida por construir supercomputadores enormes que desempenham triliões de cálculos por segundo, este negócio consiste numa tentativa de se defender da forte ameaça que os clusters representam para os seus produtos.



O acordo é também o mais recente passo da estratégia de Michael P. Haydock, o novo director executivo da Cray de seguir a tendência actual na indústria de não vender apenas hardware, mas também serviços, isto é, uma combinação de suporte técnico, software e consultoria. Nos termos do acordo, a Cray vai vender a linha de servidores Power Edge - do tipo data serving - da Dell num armário que apresenta os logotipos das duas companhias.



Antes de Haydock ter abandonado a divisão de serviços globais da IBM, em Outubro, a Cray tinha começado a construir a sua própria linha de computadores de forma a abarcar a gama de entrada do mercado de supercomputadores. Mas Haydock decidiu abandonar o projecto, dado que a empresa, que se especializa em máquinas enormes produzidas manualmente, não podia fabricar computadores mais pequenos a um preço suficientemente barato.



A montagem e manutenção dos clusters ficará a cargo de dezenas de cientistas prestigiados que se juntaram à Cray através da fusão de várias companhias fundadas por Seymour R. Cray, um dos pioneiros da supercomputação.



A redução dos preços dos processadores e chips de memória, em conjunto com os ganhos enormes em termos de velocidade, levaram ao surgimento do interesse pela utilização de clusters informáticos de elevado desempenho para resolver problemas em campos como a biotecnologia e engenharia aeroespacial.



Os computadores de data serving, que estão na base de redes empresariais e data centers, podem ser adquiridos e ligados em paralelo por muito menos dinheiro do que o de um supercomputador tradicional de vector. Mas a utilização destes supercomputadores paralelos limita-se a um certo tipo de problemas em que cada processador da rede toma conta da sua pequena peça do puzzle, em simultâneo.



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