As smart cities estão cada vez mais perto de se tornarem uma realidade a nível global e Portugal está a caminhar também nesse sentido, com os municípios a aderirem a vários projetos. O SAPO TEK conversou com o CEO da Arquiled, uma empresa portuguesa focada na iluminação por LED e com uma forte especialização em iluminação pública, que integrou recentemente a LoRa Alliance, uma organização internacional empenhada no desenvolvimento de tecnologias de radiofrequência. A IBM, a Cisco e a HP são exemplos de outras empresas a fazerem parte desta aliança.
A International Data Corporation prevê que o investimento global em smart cities ronde os 170 mil milhões de euros em 2023, estando o sistema inteligente de iluminação pública com uma das prioridades. E Miguel Allen Lima acredita que "Portugal poderá ser um exemplo a seguir" nesta matéria, considerando que as autarquias e os munícipes estão cada vez mais conscientes das potencialidades deste tipo de tecnologias desde 2017.
E que de forma é que a empresa, com escritórios em Lisboa e na Colômbia, e com fábrica no Alentejo, tem vindo a ajudar Portugal neste sentido? Assumindo que o “desenvolvimento de tecnologia para cidades inteligentes tem sido uma das grandes prioridades da Arquiled”, o CEO da empresa 100% portuguesa explica que desde 2011 conta com tecnologia de iluminação pública inteligente no terreno.
E esta aposta nas smart cities tem sindo trabalhada com base nos seus pilares de sustentabilidade, segurança, eficiência energética, inteligência e conetividade. Por isso, os objetivos passam por uma "gestão otimizada de recursos operacionais e otimização do retorno do investimento", uma “poupança de recursos financeiros, uma redução de emissões CO2 e ainda uma redução da poluição luminosa”.
“A iluminação pública por LED é um fator que contribui para uma maior segurança das populações e para uma redução da criminalidade”.
Foi também nesse sentido, que em 2018 a Arquiled lançou a Bright Science, empresa cuja missão é investigar, desenvolver e implementar novas tecnologias nas cidades inteligentes, que possam beneficiar os municípios e os cidadãos, nomeadamente através de dispositivos, sistemas de comunicação, segurança e aplicações na Cloud.
Tomar, o primeiro município com 14 mil luminárias conectadas por comunicações LoRa
A empresa com mais de 60 colaboradores respondeu ao projeto integrado de smart city do Município de Tomar e prepara-se para equipar a totalidade do concelho com cerca de 14 mil luminárias conectadas por comunicações LoRa (tecnologia wireless Long-Range Low-Power). E, tal como Miguel Allen Lima explicou ao SAPO TEK, estas luminárias “permitem regular, ponto a ponto, toda a iluminação pública e integrar, gerir e monitorizar os demais serviços do concelho”.
Na prática, através da plataforma de gestão do super computador da IBM, Watson IoT, que irá integrar diversos sistemas do município, será possível dar visibilidade em tempo real de diversos eventos. Como? “Gerando alertas que permitem ao município agir de forma imediata ou atuar de forma preventiva, através da analítica do sistema”, esclarece o CEO da empresa 100% portuguesa.
Mas este não é o primeiro projeto da Arquiled, que já oferece soluções desde 2005. A empresa conta, por exemplo, com um projeto implementado em Évora desde 2011, que se tornou assim a primeira smart city portuguesa. “É um grande sucesso e está ativo", afirma Miguel Allen Lima quando questionado sobre o resultado da iniciativa. Cascais é outro dos exemplos, com um projeto inicial no Paredão em 2017 e agora mais recentemente na Marginal.
E se a iluminação inteligente permitisse alertar para uma cheia?
No âmbito de um dos pilares das smart cities, a gestão de eficiência energética, estão também contemplados quatro projetos piloto de monitorização da qualidade da água do Rio Nabão e dos seus níveis de cheia, assim como da qualidade da água e da utilização e perda de água nas bocas-de-incêndio. Neste sentido, o CEO da Arquiled fala num “caminho aberto a novas soluções de IoT, como contadores e semáforos inteligentes, tirando partido de uma rede de comunicações já existente”.
Quanto às mais valias deste tipo de projetos, Miguel Allen Lima destaca a “capacidade de resposta por parte da autarquia que pode ser a melhor”. Através da plataforma de gestão Watson IoT, que irá integrar diversos sistemas do município, será possível dar visibilidade em tempo real de diversos eventos, gerando alertas que permitem ao município agir de forma imediata ou atuar de forma preventiva.
“Um alerta de cheia precoce poderá prevenir muitos prejuízos e, quem sabe, mesmo vidas humanas”.
Por isso, o CEO da empresa nacional considera que a tecnologia é “fundamental na gestão diária de uma autarquia que pode monitorizar parâmetros, no caso concreto da qualidade da água ou níveis de cheia, e atuar em conformidade e de forma atempada”. “Aqui há a componente prevenção que pode fazer a diferença quer na resposta quer nos resultados finais”, considera.
E dadas as potencialidades destas tecnologias, Miguel Allen Lima afirma que este tipo de iluminação “permite gerar poupanças energéticas e reduzir a quantidade de CO2 libertado para a atmosfera”, pelo que tem vindo a ser cada vez mais reconhecida pelos cidadãos.
“A sociedade é cada vez mais informada e compreende que a tecnologia pode e deve melhorar a vivência de cada um na cidade onde vive, como é o caso da iluminação pública por LED”.
Mas, tal como tudo, as smart cities enfrentam vários desafios, como a questão relacionada com a privacidade de dados e da possibilidade de ataques informáticos. Garantindo que o tipo de informação com o qual a empresa lida “não contém qualquer tipo de dados pessoais”, o CEO da Arquiled garante que a segurança é naturalmente uma preocupação para a empresa, razão pela qual foram escolhidas as comunicações LoRa. Este protocolo de última geração fornece “um conjunto de controlos e seguranças, algo que um Wi-Fi ou Bluetooth não têm tão bem desenvolvidos”, esclarece.
No que diz respeito à segurança do lado aplicacional e dos dispositivos, o CEO da empresa garante que tem sido uma aposta da Arquiled, bem como a monitorização, “uma vez que qualquer sistema atual tem de ser devidamente monitorizado para se detetar comportamentos anormais que possam indiciar um acesso ou operação ilícita”.
O conceito de smart cities teve origem com a aplicação estratégica da tecnologia às cidades pelos municípios e pretende colocar a tecnologia ao serviço das pessoas. Por isso, defender o meio-ambiente, agilizar o dia-a-dia das pessoas, famílias e empresas são alguns dos objetivos das smart cities, numa altura em que o excesso de população nas cidades é um desafio que precisa de ser resolvido.
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