
Pais de jovens jogadores de Fortnite avançaram com um processo no tribunal de São Francisco contra a Epic Games. Em causa estão as práticas enganosas da empresa na loja de itens virtuais do popular jogo, tais como skins e outros itens cosméticos colecionáveis. A ação alega que a loja cria a “ilusão de escassez”, provocando uma forma de ansiedade em os adquirir, aquilo que se chama da “FOMO” (fear of missing out), nas crianças que jogam o jogo.
Segundo a explicação dada pelos advogados na ação, que o Polygon teve acesso, os itens disponíveis na loja têm um prazo de compra até serem substituídos por outros. Os pais notaram que quando esse contador chegou a zero, os itens não desapareceram ou os que tinham desconto não voltaram ao preço normal durante dias ou mesmo semanas, numa das vezes. A acusação diz que este é um esquema ilegal de vendas com falsos prazos, forçando a sua compra com receio destes desaparecerem.
Em declarações à publicação, a Epic Games disse que a ação tem erros factuais e não reflete a forma como Fortnite opera. Diz que retirou o cronómetro de contagem decrescente dos produtos no ano passado da loja de itens e introduziu proteções contra compras indesejadas. Foi introduzido um mecanismo de “espera para comprar”, cancelamentos de compras instantâneos e serviços de devolução para as compras na loja. Além disso, tem o mecanismo de escolha explícita de “sim/não” na opção de gravar a informação de pagamentos.
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A Epic diz ainda que quando um jogador cria uma conta e indica ter menos de 13 anos, estes não podem fazer compras com dinheiro real até os seus pais darem o consentimento através das ferramentas de controlo parental. E com isto promete defender-se das acusações da ação imposta.
Anteriormente, a produtora de Fortnite chegou mesmo a ser multada nos Países Baixos por questões semelhantes. O regulador obrigou a empresa a pagar 1,125 milhões de euros em 2024 exatamente por práticas de contadores decrescentes de tempo nos itens das lojas, assim como outras funcionalidades que exploram as vulnerabilidades das crianças, aponta o Polygon.
A Epic Games apelou, estando a decisão atualmente pendente, mas com modificações na loja que impendem a menores de 18 anos de verem ou compraram itens com menos de 48 horas de prazo. Durante a investigação, o regulador analisou a venda de 60 itens e registou que pelo menos metade prolongava o tempo além das 24 horas mencionadas e 14 deles tiveram uma média de 15 dias disponíveis depois do prazo.
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As histórias dos encontros da Epic Games com a justiça, por causa da venda dos itens em Fortnite são conhecidas de há muito. Em dezembro de 2024, a empresa foi obrigada a distribuir 71 milhões de dólares em indeminizações aos jogadores dos Estados Unidos. A razão é a mesma de sempre: técnicas de design no jogo que facilitam as compras sem intenção. Cada jogador recebeu pouco mais de 110 dólares, num total de 630 mil lesados.
Se voltarmos um pouco mais atrás, em março de 2023, a Epic Games foi multada em 245 milhões de dólares. Em causa está o facto dos consumidores que fizeram compras em Fortnite serem levadas ao engano, utilizando práticas de configurações de botões pouco intuitivas, inconsistentes ou confusas.
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