A Acer publicou um estudo onde analisa a implementação da tecnologia, a utilização de equipamentos digitais, assim como as prioridades de melhoria e as perceções sobre os benefícios e riscos associados. O estudo procura complementar o relatório da OCDE Education Policy Outlook 2024, que já apontava que o mundo da educação tinha escassez de professores, além do tempo excessivo que estes gastam em tarefas não-educativas, assim como o défice de competências digitais dos estudantes.

Já o estudo “Edutech: where are today's schools?” da Acer for Education, a fabricante aponta que a tecnologia nas salas de aula está a aumentar, mas ainda não é suficiente. Nas conclusões, destaca que 80% dos inquiridos no estudo consideram o computador portátil o mais útil na sala de aula. No entanto, apenas metade deles têm um PC atribuído ou financiado pela escola. Isso significa que 40% dos alunos utilizam computadores pessoais e 11% têm de partilhar o equipamento em diferentes salas de aula.

Se por um lado os desktops e os projetos são bastante utilizados nas escolas, registando 58% e 55%, respetivamente, outras ferramentas STEM como a robótica e a impressão 3D são menos adotadas, com 34%, mesmo sendo consideradas essenciais para preparar os alunos, refere o documento.

Acer for Education
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O relatório diz que a maioria dos equipamentos ainda são utilizados em atividades básicas, salientando a falta de competências digitais por parte dos professores, na maioria dos casos. Os alunos utilizam sobretudo portáteis nos laboratórios para aceder a materiais e plataformas da aula (37%); para realizar trabalhos e projetos (35%); e para ler livros em formato digital (29%). É ainda salientado que menos de um quinto dos alunos usa os equipamentos que envolvam ferramentas STEM (19%) ou gamificação (15%).

Relativamente aos professores, estes utilizam os equipamentos na sala de aula ou laboratório (80%) para partilhar apresentações ou materiais online com os alunos; 66% utilizam para realizar os testes de avaliação ou para atualizar dados (57%). Fora da sala de aula, utilizam para tarefas administrativas (63%).

O estudo focou-se também na inteligência artificial e aponta que metade dos professores já utiliza a tecnologia. A outra metade, embora interessada, precisa de saber mais sobre ela, concordando que pode trazer benefícios, mas também preocupações. A simplificação do planeamento das aulas é apontada por 70% dos professores como a maior utilização. A preparação dos exercícios assistidos para 62%, análise do progresso dos alunos para 58% e a realização de avaliações automáticas para 56%.

Por outro lado, a IA é vista como uma ferramenta poderosa nas mãos dos alunos que podem explorar em seu benefício. E aponta que 49% pode utilizar para fazer batota nos trabalhos de casa e 44% confiam na capacidade de IA generativa quando escrevem ensaios ou outros conteúdos. Os professores apontam que os alunos perdem dessa orma a capacidade de fazer o trabalho de forma independente, destorcendo a nota que recebem.

Acer for Education
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Também o uso excessivo dos equipamentos digitais é uma preocupação generalizada. 41% dos inqueridos diz que pode afetar o bem-estar físico dos alunos que passam muitas horas frente ao PC. A postura e a visão são consequências apontadas, mas também para 43%, o uso excessivo de teclados pode levar ao esquecimento das competências de caligrafia.

Num estudo paralelo, focado nos parceiros da Acer, 46% concorda que o nível de digitalização das instituições de ensino nos seus países é bom e até avançado, significando que tem havido um investimento em tecnologias avançadas para apoiar as escolas e as necessidades dos alunos. Nas características dos equipamentos mais procurados, 30% aponta a durabilidade, o ciclo de vida e fácil reparação. E 23% considera importante a duração da bateria.

No que diz respeito ao fornecimento de equipamento nas escolas, de forma a aumentar o nível de digitalização na educação, os parceiros da região EMEA da Acer referem a falta de financiamento (30%), falta de preparação dos professores no uso de equipamentos TI na atividade diária (30%). É referido que além dos produtos, é necessário apoio para formar a equipa docente (29%) para utilizar as ferramentas e aplicações de educação (24%), assim como aceder a serviços de leasing ou financeiros (11%) na estratégia da digitalização.

Também existe resistência dos profissionais das escolas à adoção de novas tecnologias e 24% dos parceiros indica ser necessário uma mudança cultural para integrar as inovações digitais, que ainda não estão totalmente estabelecidas. 10% aponta a necessidade de melhorar as infraestruturas digitais, tais como a ligação à internet. Também apontam a procura da assistência técnica por parte das escolas como sendo elevada, com 36% a apontarem que é o pedido que recebem com mais frequência.