A iniciativa foi anunciada esta manhã na abertura do Building the Future 2024 por Manuel Dias, CTO da Microsoft Portugal, durante uma sessão onde apontou as oportunidades da Inteligência Artificial Generativa e incentivou as empresas a apostarem na tecnologia, sonhando mais alto e "tornando o impossível possível".

O objetivo da nova "fábrica de inovação", que deve ser inaugurada em novembro deste ano em Alvalade, pretende "promover a adoção de Inteligência Artificial por empresas públicas e privadas, nas diferentes indústrias e sectores, e contribuir para o crescimento sustentável de Portugal por meio de novos cenários de inovação digital, acelerado pela ligação a um ecossistema de startups e nativos digitais".

A "fábrica" é promovida pela Microsoft Portugal, contando com a parceria  da Accenture, Avanade e Unicorn Factory Lisboa. Ainda antes das novas instalações abrirem portas, o programa da AI Innovation Factory "vai desenrrolar-se nas instalações da Microsoft no Parque das Nações ou nas sedes de um dos parceiros". Está previsto o desenvolvimento de uma plataforma para inspiração e ideação, com acesso a demonstrações e casos reais.

Aqui os especialistas de indústria e tecnologia serão facilitadores na identificação de oportunidades e casos de uso, seguindo as melhores práticas do mercado, apoiados em metodologias comprovadas de design thinking.

Estão ainda previstas ações de formação e treino, para que as empresas possam ganhar competências nesta área.

Manuel Dias mostrou na sua apresentação vários casos de utilização da Inteligência Artificial por empresas e organizações portuguesas, entre as quais os CTT, que usa a tecnologia em processos de recrutamento, e o IEFP que está a tirar partido da tradução automática para atender cidadãos estrangeiros em Odemira que procuram emprego através do instituto.

A Microsoft está a reforçar os seus investimentos em Inteligência Artificial na Europa e esta semana Brad Smith,  presidente da Microsoft, adiantava que a empresa vai alargar a infraestrutura de IA e de cloud em Espanha, com um investimento de 2,1 mil milhões de euros nos próximos dois anos.

A empresa já tinha anunciado também um investimento de 3,2 mil milhões de euros na Alemanha, também para um período de dois anos.

A Microsoft tem um site sobre a AI Innovation Factory, onde explica o projeto e objetivos, através do qual é possível às empresas registarem interesse para participarem.

Qual é a taxa de adoção da IA pelas organizações portuguesas?

A Microsoft divulgou também hoje um estudo desenvolvido em parceria com a IDC que apresenta um índice de adoção da IA pelas organizações portuguesas e fornece dados sobre de que forma esta tecnologia está a ser utilizada para gerar impacto económico nas organizações.

O relatório Da expectativa ao sucesso: Alcançar o sucesso empresarial com a IA na Europa - Portugal contou com a participação de mais de 2.000 líderes empresariais e decisores de todo o mundo, dos quais 500 fazem parte da região EMEA.

“Este é o ano da consolidação da IA Generativa, com projetos mais complexos. Portugal continua a ser líder”
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Segundo os dados, as organizações em Portugal estão em linha com o sentimento europeu sobre a implementação de IA, com 62% a utilizarem esta tecnologia e 25% a ponderar a sua utilização nos próximos 24 meses. Refere-se ainda que, neste momento os três principais casos de uso verificados em Portugal têm por base data analytics avançada, assistentes virtuais ou chatbots, como por exemplo o projeto desenvolvido pela Agência da Modernização Administrativa (AMA), e a otimização de processos.

Destaca-se ainda o reconhecimento da importância de uma estratégia de IA responsável por parte dos fornecedores de Inteligência Artificial, referida como importante ou muito importante por 77% das organizações.

Na análise da IDC foi ainda apurado que 40% das organizações em Portugal utilizam plataformas de cloud pública para experimentação, desenvolvimento e testes de IA, enquanto 26% das organizações em Portugal utilizam plataformas de cloud pública em todo o ciclo de implementação de IA, um número que está em linha com outros países na Europa Ocidental.

A necessidade das organizações em Portugal reforçarem as suas competências é ainda reforçado pela Microsoft. Manuel Dias já tinha sublinhado esta questão numa entrevista ao SAPO TEK realçando que são exigidos conhecimentos tecnológicos, de dados e de IA, mas também conhecimentos do domínio empresarial e competências de gestão da mudança.

Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação na sequência da apresentação. Última atualização 22/02/2024 às 15h55 com o link para o site.