Membro da Unidade Nacional da Europol, o responsável participou esta manhã num Security Meeting organizado pela ShadowSec, onde destacou um conjunto de dúvidas que permanecem por resolver em relação à cloud e que fazem as autoridades europeias olhar para o conceito com algumas reticências.



O inspetor sublinhou que, embora a cloud possa trazer vantagens, ainda não há respostas claras sobre os mecanismos legais a aplicar em caso de litígios resultantes da utilização da cloud. Tomando Portugal como exemplo, a diretiva 95/96 da proteção de dados cobre o tema, mas omite o aspeto da competência territorial, concretizou o responsável.



Outras questões, como o acesso e administração dos serviços na cloud, garantia de integridade da informação ou sobre a localização física dos dados integram a mesma lista de preocupações.



Nesta perspetiva, Vítor Agostinho alinhou um conjunto de medidas que o serviço europeu de polícia defende como essenciais para minimizar riscos associados ao modelo cloud.



Regras mais claras sobre a responsabilidade dos ISPs; definição de garantias sobre a portabilidade dos dados; harmonização das questões relacionadas com a residência dos dados ou certificação de hardware, infraestruturas e aplicações são algumas das medidas consideradas relevantes.



À margem do evento Vítor Agostinho disse ao TeK que oficialmente não tem conhecimento de problemas de segurança decorrentes do uso da cloud na Europa, mas também frisou que a comunicação das empresas que hoje mais recorrem a este tipo de soluções com as autoridades é limitada.



"As empresas continuam pouco abertas à partilha de informação" com as autoridades sobre os problemas de segurança de que são vítimas, uma realidade que se aplica a Portugal, mas também aos restantes países da União Europeia.



Sobre a hipótese de o Estado, em Portugal, migrar serviços para a cloud, como é admitido no plano de racionalização dos custos das TIC, Vítor Agostinho defendeu ainda durante a apresentação que o mais relevante é que as decisões sejam ponderadas de forma inteligente e não pressionadas pela necessidade de cortes e poupanças de custos.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira