Os rumores, ainda não confirmados, de que a Hewlett-Packard irá passar a vender televisores de ecrã plano não constituiram surpresa para os analistas da indústria, que nos últimos tempos têm visto um grande número de fabricantes de computadores virar-se para o mercado da electrónica de consumo, onde as margens de lucro são maiores.



"Sabíamos que iria acontecer, só não sabíamos quando", afirmou Bob O'Donnell, da IDC em declarações à Reuters, prevendo que a HP apresente o seu primeiro televisor de ecrã plano em Janeiro próximo, durante a Consumer Electronics Show em Las Vegas, chegando os equipamentos ao mercado na Primavera seguinte.



Antes da HP, já a Gateway e a Dell tinham apostado neste mercado. Além de venderem as suas próprias marcas de televisores, a Dell e a Gateway - líder de quota de mercado em televisores plasma - já oferecem câmaras digitais, "living-room PCs" para ouvir música, ver filmes e jogar, assim como outros dispositivos tradicionalmente vendidos pelas empresas da electrónica de consumo.



As empresas que actuam na área da electrónica de consumo têm normalmente margens de lucro entre 35 a 40 por cento nos bens comercializados, enquanto as fabricantes de computadores há muito que sobrevivem com margens de lucro de 10 por cento ou menos face aos seus PCs e hardware relacionado, explicou O'Donnell.



A IDC prevê a venda de cerca de 4,1 milhões de televisores de ecrã plano para este ano, um pequeno número no "bolo" de 165 milhões de aparelhos de televisão tradicionais vendidos durante o ano, afirmou O'Donnell, o que mostra que ainda há muito por explorar neste mercado.



A consultora espera volumes de venda de televisores plasma e planos significativos em 2007, altura em que os preços terão diminuído drasticamente. "Actualmente, o custo de um televisor deste género é bastante elevado, rondando os 3.400 dólares para um televisor LCD de 30 polegadas", referiu Bob O'Donnell.



A pressa das fabricantes de PCs entrarem no mercado não deverá causar excesso de oferta, segundo Jennifer Gallo, outra analista da IDC citada pela Reuters. "Há o risco do excesso de oferta, mas penso que o que vai acontecer é a queda dos preços, o que acabará por suceder de qualquer maneira, porque se queremos que as pessoas comprem os dispositivos os preços têm que descer". Isso, pelo contrário fará com que a procura aumente.



À medida que as fabricantes de PCs alargam a sua intervenção a novos mercados, desafiando as tradicionais empresas de electrónica de consumo - como a Sony por exemplo -, poderá haver demasiadas marcas, mas não necessariamente produtos em excesso, defende o analista Bob O'Donnell.



A HP ainda não confirmou esta sua movimentação para a área da electrónica de consumo, mas a intenção tem vindo a ser tema de notícia em vários meios de comunicação, entre eles a News.com e o Wall Street Journal.



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