O plano de investimentos foi anunciado com pompa e circunstância e conta com um forte apoio financeiro do governo alemão e dos fundos da União Europeia, que aparentemente já não é suficiente para fazer o projeto avançar.
A fábrica que a Intel tinha planos para começar a construir na primeira metade do próximo ano na Alemanha, num investimento de 18 mil milhões de dólares, já não avança na data prevista e pode não vir a sair do papel tão cedo, se o Governo local não puder aumentar o volume de financiamento ao projeto, de acordo com o jornal local Volksstimme.
Segundo esta fonte, o aumento do preço da energia e das matérias-primas tiveram um forte impacto no orçamento do projeto, que se estima agora venha a custar perto de 20 mil milhões de dólares. Estará do lado do governo alemão aumentar também os subsídios ao projeto para que este avance, diz o jornal, embora as declarações oficiais sobre a matéria pareçam mostrar que o problema não é só esse.
“Os desafios geopolíticos aumentaram e a procura de semicondutores caiu. Isto significa que não conseguimos ainda avançar com uma data definitiva para o início da construção”, referiu o porta-voz da fabricante norte-americana Benjamin Barteder ao jornal, citado pela Reuters.
A nova fábrica de chips da Intel na Alemanha é fundamental para ajudar a Europa a recuperar uma capacidade de produção de semicondutores que foi perdendo nos últimos anos e que durante a pandemia, e os distúrbios nas cadeias de abastecimento, expuseram a vulnerabilidade da região neste mercado e o nível de dependência.
Na verdade, este é um de vários investimentos anunciados pela Intel para a Europa no início do ano, num total de 80 mil milhões de euros em 10 anos. O primeiro já derrapou, ainda que a empresa tenha sublinhado o compromisso com as metas europeias quando o CEO veio à região anunciar o plano.
“Os nossos investimentos planeados são um grande passo para a Intel e para a Europa. O Chips Act vai dar mais capacidade às empresas privadas e governos de trabalharem juntos para drasticamente catapultarem a posição da Europa no sector dos semicondutores”, referia em março Pat Gelsinger.
Além da mega fábrica de semicondutores prevista para a Alemanha, a Intel quer também criar um hub de Investigação & Desenvolvimento e design em França, abrir novos ou reforçar os centros de I&D na Irlanda, Itália, Polónia e Espanha, para além de expandir a capacidade das restantes fábricas europeias e considerar a hipótese de abrir mais uma unidade em Itália.
O Chips Act é o plano estratégico da Europa para voltar a ter voz no mercado mundial de chips. Uma das grandes metas é trazer de volta para a região um quinto da produção mundial de semicondutores até 2030.
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