A Intel confirmou que este ano vai lançar um chip desenhado para a mineração de criptomoedas. Na informação que agora disponibilizou oficialmente, a fabricante confirmou aquilo que os rumores já antecipavam. Uma das grandes apostas da fabricante neste segmento vai passar por criar uma oferta altamente eficiente do ponto de vista do consumo energético, um dos grandes desafios - e custos, financeiros e para o ambiente - da atividade.
"Os nossos clientes estão a pedir soluções escaláveis e sustentáveis, e é por isso que estamos a concentrar os nossos esforços em aproveitar todo o potencial da blockchain para desenvolver as tecnologias de computação mais eficientes em termos energéticos e em escala", explicou Raja Koduri, vice-presidente sénior da fabricante e responsável pelo Accelerated Computing Systems and Graphics Group da multinacional, numa publicação no site da Intel.
"Estamos conscientes de que algumas blockchains requerem um enorme poder de computação, o que infelizmente se traduz numa imensa quantidade de energia", admite também o responsável, sublinhando, no entanto, que “a Intel Labs tem dedicado décadas de investigação à criptografia, técnicas de hashing e circuitos de ultra baixa tensão”. Estas inovações, acredita a empresa, terão agora um papel fundamental para criar uma oferta “com um desempenho por watt 1000 vezes melhor do que as GPUs convencionais para a mineração com base em SHA-256” (algoritmo usado na mineração).
A entrada de mais um ator neste mercado mostra a sua importância crescente e retira pressão à oferta para outros segmentos. Embora a maior parte dos chips usados para minerar criptomoedas tenham processadores dedicados e desenhados especificamente para a tarefa (ASIC), essa não é a única opção e a procura acentuada de GPUs da Nvidia para este fim, por exemplo, já limitou a oferta de placas gráficas para o segmento dos jogos.
Mais um fornecedor de soluções eficientes pode também ter um papel importante na pegada ecológica desta atividade, mas é preciso não esquecer que o próprio processo de mineração se tem tornado mais complexo e moroso, exigindo cada vez maior capacidade de computação e aumentando com isso a tal pegada ecológica.
Recorde-se que em 2020, a mineração de Bitcoins terá precisado de 122 terawatts/hora, tanto quanto a Noruega para servir os seus 5,5 milhões de habitantes, de acordo com dados apurados pela Universidade de Cambridge. Um valor enorme, e que não é total, porque o índice da universidade refere-se apenas à mineração de bitcoins. Há várias outras criptomoedas.
Outro efeito colateral da atividade que a Intel não conseguirá atenuar é o da quantidade de lixo eletrónico que a mineração de criptomoedas todos os anos gera. Precisamente no que se refere aos chips, como a maioria só serve para aquela função, quando são substituídos por outros mais potentes não são reaproveitados, e o mesmo acontece com outro material informático. O Digiconomist Bitcoin E-waste Monitor indica que são produzidas anualmente 31 mil toneladas de lixo eletrónico só em consequência das atividades de mineração.
Entre os primeiros clientes já confirmados pela Intel para a nova oferta, que a empresa apresenta como "acelerador de blockchain" e que prevê lançar no final do ano, estão a empresa de processamento de pagamentos Block e duas empresas dedicadas à mineração de Bitcoins, a Argo Blockchain e a Griid Infrastructure.
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