Quatro universidades norte-americanas tiveram de suspender a adopção do Kindle DX como material de apoio na sala de aula devido à ausência de menus "falados" que permitissem a utilização da ferramenta por invisuais, da mesma forma que podem fazer os restantes alunos.

A decisão do Departamento de Justiça surgiu na sequência de uma uma queixa e uma de investigação sobre se a adopção deste tipo de dispositivos em estabelecimentos de ensino consubstanciaria, ou não, uma violação das leis do país que protegem as pessoas com necessidades especiais.

A questão foi levantada no final de 2009. Terminado um programa piloto no qual a Amazon desafiou várias escolas norte-americanas a testar o Kindle DX como material de apoio às aulas, alguns dos estabelecimentos participantes decidiram avançar com o programa e adoptar os dispositivos.

A decisão levou duas associações nacionais de defesa dos deficientes visuais a intentarem queixas contra os estabelecimentos de ensino, por promoverem a utilização dos dispositivos que não garantiam acessibilidade aos alunos com dificuldades de visão.

Embora o Kindle DX tenha uma funcionalidade que transforma o texto em som, e o lê em voz alta, não dispõe dessa opção no que respeita à navegação nos menus do leitor, como a compra dos livros online ou à própria activação da funcionalidade de leitura em voz alta, o que impede uma utilização autónoma por pessoas com dificuldades de visão.

Em três acordos firmados esta quarta-feira com o Departamento de Justiça dos EUA, as universidades de http://www.case.edu/Cleveland, Nova Iorque e Portland, comprometem-se a "não comprar, recomendar ou promover o uso do Kindle DX, ou qualquer outro leitor de ebooks, a menos que estes estejam totalmente adaptados à utilização por estudantes cegos ou com dificuldades de visão", reporta a imprensa internacional.

A Arizona State University tinha assumido o mesmo compromisso na segunda-feira e nos termos do acordo esta deverá ser adoptada por todas as universidades que participaram no programa, à medida que estas forem terminando o período de testes.

No documento fica estabelecido que as universidades só vão adoptar leitores de ebooks quando estes "garantam aos estudantes com dificuldades de visão a possibilidade de adquirir os mesmos materiais e informação, desenvolver as mesmas tarefas de interacção com o dispositivo e desfrutar dos mesmos serviços com uma facilidade de utilização equivalente aos restantes alunos".

Ainda assim, uma das associações já fez saber que vai apoiar um estudante cego que pretende prosseguir com o processo na justiça, mesmo com o acordo assinado pela instituição.

A Amazon não comentou os desenvolvimentos mas mencionou uma declaração datada de 7 de Dezembro em que a empresa divulgava a apreciação positiva de alguns deficientes visuais após testarem o dispositivo e onde eram também anunciadas intenções de incluir um menu "falado" no Kindle, que melhorariam a acessibilidade do equipamento no que respeita à utilização por invisuais.